summaryrefslogtreecommitdiff
path: root/talermerchantdemos/blog/articles/br/who-does-that-server-really-serve.html
blob: 6c4230f6b2817db2669619db0ad0d372be79676f (plain)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
176
177
178
179
180
181
182
183
184
185
186
187
188
189
190
191
192
193
194
195
196
197
198
199
200
201
202
203
204
205
206
207
208
209
210
211
212
213
214
215
216
217
218
219
220
221
222
223
224
225
226
227
228
229
230
231
232
233
234
235
236
237
238
239
240
241
242
243
244
245
246
247
248
249
250
251
252
253
254
255
256
257
258
259
260
261
262
263
264
265
266
267
268
269
270
271
272
273
274
275
276
277
278
279
280
281
282
283
284
285
286
287
288
289
290
291
292
293
294
295
296
297
298
299
300
301
302
303
304
305
306
307
308
309
310
311
312
313
314
315
316
317
318
319
320
321
322
323
324
325
326
327
328
329
330
331
332
333
334
335
336
337
338
339
340
341
342
343
344
345
346
347
348
349
350
351
352
353
354
355
356
357
358
359
360
361
362
363
364
365
366
367
368
369
370
371
372
373
374
375
376
377
378
379
380
381
382
383
384
385
386
387
388
389
390
391
392
393
394
395
396
397
398
399
400
401
402
403
404
405
406
407
408
409
410
411
412
413
414
415
416
417
418
419
420
421
422
423
424
425
426
427
428
429
430
431
432
433
434
435
436
437
438
439
440
441
442
443
444
445
446
447
448
449
450
451
452
453
454
455
456
457
458
459
460
461
462
463
464
465
466
467
468
469
470
471
472
473
474
475
476
477
478
479
480
481
482
483
484
485
486
487
488
489
490
491
492
493
494
495
496
497
498
<!--#set var="ENGLISH_PAGE" value="/philosophy/who-does-that-server-really-serve.en.html" -->

<!--#include virtual="/server/header.pt-br.html" -->
<!-- Parent-Version: 1.86 -->

<!-- This file is automatically generated by GNUnited Nations! -->
<title>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve? - Projeto GNU - Free Software
Foundation</title>

<!--#include virtual="/philosophy/po/who-does-that-server-really-serve.translist" -->
<!--#include virtual="/server/banner.pt-br.html" -->
<h2>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve?</h2>

<p>por <strong>Richard Stallman</strong></p>

<blockquote><p>(A primeira versão foi publicada no <a
href="http://www.bostonreview.net/richard-stallman-free-software-DRM">Boston
Review</a>.)</p></blockquote>

<p><strong>Na internet, software proprietário não é a única maneira de você
perder a sua liberdade. Serviço como Substituto de Software [Service as a
Software Substitute], ou SaaSS, é outra forma de dar a alguém poder sobre
sua computação.</strong></p>

<p>O ponto básico é que você pode ter controle sobre um programa que outra
pessoa escreveu (se ele é livre), mas você nunca pode ter controle sobre um
serviço executado por uma outra pessoa, então nunca use um serviço cuja
tarefa uma programa faria.</p>


<p>SaaSS significa usar um serviço, implementado por outra pessoa, como um
substituto da execução de sua própria cópia de um programa. O termo é nosso;
artigos e anúncios publicitários não irão usá-lo, e eles não vão contar a
você que um serviço é SaaSS. Ao invés disso, provavelmente usarão o termo
vago e elusivo “nuvem”, ou sua versão em inglês “cloud”, o qual mistura
SaaSS junto com várias outras práticas, algumas abusivas e algumas
aceitáveis. Com a explanação e os exemplos desta página, você poderá
determinar se um serviço é ou não SaaSS.</p>

<h3>Plano de fundo: Como o Software Proprietário Toma a Sua Liberdade</h3>

<p>Tecnologia digital pode dar a você liberdade; ela também pode tomar a sua
liberdade. A primeira ameaça ao nosso controle sobre a nossa computação veio
do <em>software proprietário</em>: softwares que os usuários não podem
controlar porque o fabricante (uma empresa como a Apple ou a Microsoft) o
controla. O dono com frequência tira vantagem desse poder injusto, inserindo
funcionalidades maliciosas tais como spyware, back doors e <a
href="http://DefectiveByDesign.org">Gestão Digital de Restrições (DRM)</a>
(referenciado como “Gestão de Direitos Digitais” [Digital Rights Management]
nas suas propagandas).</p>

<p>Nossa solução para este problema é o desenvolvimento de <em>software
livre</em> e a rejeição de software proprietário. Software livre significa
que você, como um usuário, tem quatro liberdades essenciais: (0)&nbsp;de
executar o programa como você desejar, (1)&nbsp;de estudar e alterar o
código-fonte para que ele faça o que você desejar, (2)&nbsp;de redistribuir
cópias exatas e (3)&nbsp;de redistribuir cópias de suas versões
modificadas. (Veja a <a href="/philosophy/free-sw.html">definição de
software livre</a>.)</p>

<p>Com software livre, nós, os usuários, tomamos de volta o controle sobre
nossa computação. Software proprietário ainda existe, mas nós podemos
excluí-lo de nossas vidas, e muitos de nós já o fizemos. Porém, agora a nós
é oferecida uma outra forma tentadora de ceder o controle de nossa
computação: Serviço como Substituto de Software (SaaSS). Para o bem de nossa
liberdade, temos que rejeitar isso também.</p>

<h3>Como Serviço como substituto de Software Tira Sua Liberdade</h3>

<p>Serviço como Substituto de Software (SaaSS) significa usar um serviço ao
invés de executar sua cópia de um programa. Concretamente, significa que
alguém configura um servidor de rede para realizar determinadas tarefas
computacionais &mdash; por exemplo, modificar uma fotografia, traduzir um
texto para outro idioma, etc. &mdash; e, então, convida usuários a usar os
serviços computacionais através daquele servidor. O usuário envia seus dados
para esse servidor, que faz <em>a computação do próprio usuário</em> sobre
os dados fornecidos, e então envia os resultados de volta, diretamente a
ele, ou em seu nome.</p>

<p>A computação é <em>do próprio usuário</em> porque supõe-se que, em
princípio, ele poderia tê-la realizado usando um programa em seu próprio
computador (independentemente de o programa estar ou não disponível para ele
no momento). Nos casos em que essa suposição não se aplica, não se trata de
SaaSS.</p>

<p>Esses servidores tiram o controle dos usuários de forma ainda mais
inexorável do que os softwares proprietários. Com software proprietário, os
usuários normalmente têm um arquivo executável, mas não o código-fonte. Isso
torna difícil estudar o código que está sendo executado e, portanto, é
difícil determinar o que o programa realmente faz, e é difícil alterá-lo.</p>

<p>Com SaaSS, os usuários não têm nem mesmo o arquivo executável que realiza
sua computação: ele está no servidor de outra pessoa, onde os usuários não
podem vê-lo nem tocá-lo. Portanto, é impossível para eles ter certeza do que
o programa realmente faz, e é impossível modificá-lo.</p>

<p>Além do mais, SaaSS automaticamente leva a consequências equivalentes aos
recursos maliciosos de certos programas proprietários.</p>

<p> Por exemplo, alguns programas proprietários são “spyware”: o programa <a
href="/philosophy/proprietary-surveillance.html">envia dados sobre as
atividades computacionais dos usuários</a>. Microsoft Windows envia
informações das atividades do usuário para a Microsoft. Windows Media Player
relata o que cada usuário assiste ou ouve. O Amazon Kindle relata quais
páginas de quais livros o usuário vê, e quando. Angry Birds relata o
histórico de localização geográfica do usuário.</p>

<p>Diferentemente do software proprietário, SaaSS não requer código oculto para
obter dados do usuário. Ao invés disso, os usuários devem enviar seus dados
para o servidor, para poderem usá-lo. Isso tem o mesmo efeito que o spyware:
o operador do servidor obtém os dados &mdash; sem nenhum esforço em
especial, pela própria natureza do SaaSS. Amy Webb, que nunca teve a
intenção de postar nenhuma foto de sua filha, cometeu o erro de usar SaaSS
(Instagram) para editar fotos dela. Eventualmente, <a
href="http://www.slate.com/articles/technology/data_mine_1/2013/09/privacy_facebook_kids_don_t_post_photos_of_your_kids_on_social_media.html">as
fotos vazaram de lá</a>.
</p>

<p>Teoricamente, criptografia homomórfica pode, em algum dia, avançar até o
ponto em que serviços futuros de SaaSS poderem ser construídos com a
capacidade de entender alguns dados que usuários lhes enviam. Tais serviços
<em>poderiam</em> ser configurados para não bisbilhotar os usuários; isso
não significa que eles <em>não vão</em> bisbilhotar.</p>

<p>Alguns sistemas operacionais proprietários têm uma porta dos fundos [back
door] universal, permitindo que alguém possa, remotamente, instalar
alterações nos programas. Por exemplo, Windows tem uma porta dos fundos
universal com a qual a Microsoft pode alterar à força qualquer software
naquela máquina. Praticamente todos os telefones portáteis as têm,
também. Algumas aplicações proprietárias também têm portas dos fundos
universais: por exemplo, o cliente Steam para GNU/Linux permite ao
desenvolvedor instalar versões modificadas à distância.</p>

<p>Com SaaSS, o operador do servidor pode modificar o software usado no
servidor. Ele tem que ser capaz de fazer isso, já que o computador é dele;
mas o resultado [para o usuário] é o mesmo que usar programa aplicativo
proprietário com uma porta dos fundos universal: alguém tem o poder de,
silenciosamente, impor mudanças no modo com que a computação do usuário é
feita.</p>

<p>Portanto, SaaSS é equivalente a executar software proprietário com spyware e
uma porta dos fundos [back door] universal. Ele concede ao operador do
servidor um poder injusto sobre o usuário, e esse poder é algo a que devemos
resistir.</p>

<h3>SaaSS e SaaS</h3>

<p>Originalmente, nós nos referíamos a essa prática problemática como “SaaS”,
que significa Software como Serviço [“Software as a Service”]. Trata-se de
um termo comumente usado para a configuração de software em um servidor, ao
invés da oferta de cópias dele aos usuários, e nós pensávamos que esse termo
descrevia com precisão os casos em que esse problema ocorre.</p>

<p>Subsequentemente, tomamos consciência de que o termo SaaS algumas vezes é
usado para serviços de comunicação &mdash; atividades em que essa questão
não se aplica. Adicionalmente, o termo “Software como Serviço” não explica
<em>por que</em> a prática é ruim. Então, nós cunhamos o termo “Serviço como
Substituto de Software” [“Service as a Software Substitute”], que define a
má prática mais claramente e diz o que é ruim nela.</p>

<h3>Separando a Questão do SaaSS da Questão do Software Proprietário</h3>

<p>SaaSS e software proprietário levam a resultados similarmente danosos, mas
os mecanismos são diferentes. Com o software proprietário, o mecanismo é que
você tem e usa uma cópia que é difícil ou ilegal alterar. Com o SaaSS, o
mecanismo é que você não tem a cópia que executa sua computação.</p>

<p>Essas duas questões são frequentemente confundidas, e não apenas por
acidente. Desenvolvedores web usam o termo vago “aplicação web” para
amontoar os softwares de servidor juntos com programas que executam no
navegador web da sua máquina. Algumas páginas web instalam programas
JavaScript não-triviais, ou por vezes grandes, em seu navegador, sem lhe
informar. <a href="/philosophy/javascript-trap.html">Quando esses programas
JavaScripts são não-livres</a>, eles podem ser tão ruins quanto qualquer
outro software não-livre. Aqui, porém, estamos tratando do problema do
software do servidor em si mesmo.</p>

<p>Muitos apoiadores de software livre presumem que o problema do SaaSS vai ser
resolvido pelo desenvolvimento de software livre para servidores. Para o bem
dos operadores de servidor, é melhor que os programas no servidor sejam
livres; quando eles são proprietários, seus donos têm o poder sobre o
servidor. Isso é injusto com o operador e não ajuda os usuários em nada. Mas
se os programas no servidor são livres, isso não protege você <em>como
usuário do servidor</em> dos efeitos do SaaSS. Eles dão liberdade ao
operador, mas não aos usuários do servidor.</p>

<p>Liberar o código-fonte de software para servidor beneficia a comunidade:
isso permite que usuários com as habilidades adequadas configurem servidores
similares, possivelmente alterando o software. <a
href="/licenses/license-recommendations.html">Recomendamos o uso da GNU
Affero GPL</a> como licença para os programas frequentemente usados em
servidores.</p>

<p>Mas nenhum daqueles servidores daria a você o controle sobre a computação
que você faz nele, a não ser que seja o <em>seu</em> servidor (um daqueles
cuja carga de software você controla, independentemente da máquina ser de
sua propriedade). Pode ser aceitável confiar algumas tarefas a servidores de
amigos seus, assim como você poderia deixar um amigo seu configurar os
programas de seu próprio computador. Fora isso, todos aqueles servidores
serão SaaSS para você. SaaSS sempre lhe sujeita ao poder do operador do
servidor, e o único remédio é: <em>Não use SaaSS!</em> Não use um servidor
alheio para fazer suas próprias atividades computacionais sobre dados
fornecidos por você.</p>

<p>Essa questão demonstra a profundidade da diferença entre “aberto” e
“livre”. Código-fonte que é um código aberto <a
href="/philosophy/free-open-overlap.html">é (quase sempre) livre</a>. Porém,
a ideia de um <a href="https://opendefinition.org/ossd/">serviço “software
aberto”</a>, referindo-se a um software de servidor ser código aberto e/ou
livre, falha em resolver a questão do SaaSS.</p>

<p>Serviços são fundamentalmente diferentes de programas, e as questões éticas
que serviços levantam são fundamentalmente diferentes das questões que
programas levantam. Para evitar confusão, <a
href="/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.html">evitamos
descrever algum serviço como “livre” ou “proprietário”</a>.</p>

<h3>Diferenciando SaaSS de Outros Serviços de Rede</h3>

<p>Quais serviços são SaaSS? O exemplo mais claro é um serviço de tradução, que
traduz (digamos) um texto de inglês para espanhol. A tradução de um texto
para você é uma tarefa computacional que é puramente sua. Você poderia
realizá-la executando um programa em seu próprio computador, se você
simplesmente tivesse o programa certo. (Para ser ético, esse programa deve
ser livre.) O serviço de tradução substitui esse programa, então trata-se de
Serviço como Substituto de Software, ou SaaSS. Por lhe negar o controle de
sua própria computação, ele é ruim para você.</p>

<p>Outro exemplo claro é o uso de um serviço como Flickr ou Instagram para
modificar uma foto.  Modificar fotos é uma atividade que as pessoas têm
feito em seus próprios computadores ao longo de décadas; fazê-la em um
servidor, ao invés de em seu próprio computador é SaaSS.</p>

<p>Rejeitar SaaSS não significa se recusar a usar quaisquer servidores de rede
mantidos por qualquer pessoa além de você. A maioria dos servidores não são
SaaSS porque os trabalhos que eles fazem não são a computação do próprio
usuário.</p>

<p>O propósito original de servidores web não era realizar atividades
computacionais por você, e sim publicar informações para você acessar. Mesmo
hoje em dia, é isso o que faz a maioria dos sites, sem que haja o problema
do SaaSS, pois acessar uma informação publicada por outra pessoa não é fazer
sua própria computação. Nem a publicação de seu próprio material através de
um site de blog ou serviço de microblog, como Twitter ou StatusNet. (Esses
serviços podem ter outros problemas, é claro.) O mesmo vale para outras
comunicações que não têm a intenção de ser privadas, como grupos de
bate-papo.</p>

<p>Na sua essência, as redes sociais digitais são uma forma de comunicação e
publicação, não SaaSS. Entretanto, um serviço cuja principal função é a de
rede social pode ter recursos e extensões que são SaaSS.</p>

<p>Se um serviço não é SaaSS, isso não significa que ele não apresente algum
problema. Há outras questões éticas sobre serviços. Por exemplo, Facebook
distribui vídeo em Flash, o que pressiona o usuário a usar software não
livre; o Facebook também requer a execução de código JavaScript não-livre; e
ele dá aos usuários uma impressão enganosa de privacidade, enquanto os induz
a desnudar suas vidas para o Facebook. Essas são questões importantes,
diversas da questão do SaaSS.
</p>

<p>Serviços como mecanismos de pesquisa coletam dados de toda a web e permitem
que você os examine. Observar a coleção de dados deles não é fazer sua
própria atividade computacional, no sentido comum &mdash; você não forneceu
aquela coleção de dados &mdash;, então o uso de um tal serviço para
pesquisar a web não é SaaSS. Porém, usar o mecanismo de pesquisa alheio para
implementar um recurso de pesquisa em seu próprio site definitivamente
<em>é</em> SaaSS.</p>

<p>Compras pela internet não é SaaSS, pois a computação não é <em>sua
própria</em> atividade; pelo contrário, ela é feita conjuntamente por você e
pela loja. O problema real nas compras pela internet é se você confia seu
dinheiro e outras informações pessoais (a começar pelo seu nome) à outra
parte.</p>

<p>Sites de repositórios tais como Savannah e SourceForge não são inerentemente
SaaSS porque a tarefa de um repositório é publicar os dados a ele
fornecidos.</p>

<p>Usar servidores de projeto conjunto não é SaaSS porque a atividade
computacional que você faz desta forma não é sua própria. Por exemplo, ao
editar páginas na Wikipédia, você não está fazendo sua própria computação;
ao invés disso, você está colaborando para a atividade computacional da
Wikipédia. A Wikipédia controla seus próprios servidores, mas organizações,
assim como indivíduos, encontram o problema do SaaSS quando fazem sua
própria computação em um servidor alheio.</p>

<p>Alguns sites oferecem múltiplos serviços, e se um não é SaaSS, outro pode
ser SaaSS. Por exemplo, o serviço principal do Facebook é o de rede social,
e isso não é SaaSS; porém, ele possui suporte a aplicativos de terceiros,
alguns dos quais são SaaSS. O serviço principal do Flickr é a distribuição
de fotos, que não é SaaSS, mas ele também possui recursos para a edição de
fotos, que é SaaSS. Da mesma maneira, usar Instagram para postar uma foto
não é SaaSS, mas usá-lo para transformar uma foto é SaaSS.</p>

<p>Google Docs mostra o quão complexa pode se tornar a avaliação de um único
serviço. Ele convida pessoas a editarem um documento através da execução de
um enorme <a href="/philosophy/javascript-trap.html">programa JavaScript
não-livre</a>, claramente mau. Contudo, oferece uma API para <em>upload</em>
e <em>download</em> de documentos em formatos padrão. Um software editor
livre pode fazer isso usando essa API. Esse cenário de uso não é SaaSS
porque usa Google Docs como um mero repositório. Mostrar todos os seus dados
para uma companhia é ruim, mas isso é um problema de privacidade, não de
SaaSS; depender de um serviço para acessar seus próprios dados é mau, porém
é um problema de risco, não de SaaSS. Por outro lado, usar o serviço para
converter documentos de um formato a outro <em>é</em> SaaSS, porque é algo
que poderia ser feito rodando um programa adequado (livre, espera-se) em seu
próprio computador.</p>

<p>Usar Google Docs através de um editor livre é raro, é claro. Mais
frequentemente, as pessoas o usam através do programa JavaScript não-livre,
que é tão ruim quanto qualquer programa não-livre. Esse cenário poderia
envolver SaaSS, também; isso vai depender de que parte da edição é feita no
programa JavaScript e que parte é feita no servidor. Não sabemos como isso é
feito, mas, desde que SaaSS e software proprietário causam males parecidos
ao usuário, não é crucial saber como.</p>

<p>A publicação através do repositório de outra pessoa não levanta problemas de
privacidade, mas publicar através do Google Docs tem um problema especial: é
impossível até mesmo <em>ver o texto</em> de um documento no Google Docs em
um navegador, sem executar o código JavaScript não-livre. Então, você não
deve usar Google Docs para publicar nada &mdash; mas a razão não é um
assunto de SaaSS.</p>

<p>A indústria de TI desencoraja os usuários a considerarem essas diferenças. É
para isso que serve a expressão do momento “computação em nuvem” [“cloud
computing”]. Esse termo é tão nebuloso que pode referir-se a quase qualquer
uso da internet. Ele inclui SaaSS assim como muitas outras práticas de uso
de rede. Em qualquer dado contexto, um autor que escreve “nuvem” (se ele é
uma pessoa técnica) provavelmente tem um significado específico em mente,
mas usualmente não explica que em outros artigos o termo tem outros
significados específicos. O termo induz as pessoas a generalizarem sobre
práticas que elas deveriam considerar separadamente.</p>

<p>Se “computação em nuvem” tem algum significado, não se trata de um jeito de
efetuar uma computação, mas de um jeito de pensar sobre computação. Uma
abordagem irresponsável, que diz: “Não façam perguntas. Não se preocupem com
quem controla sua computação ou quem detém seus dados. Não verifiquem se há
algum anzol escondido em nosso serviço antes de engoli-lo. Confiem em
companhias sem hesitar”. Em outras palavras, “Seja um otário”. Uma nuvem na
mente é um obstáculo ao pensamento claro. Em prol do pensamento claro,
evitemos o termo “nuvem”.</p>

<h3 id="renting">Alugando um Servidor Diferente de SaaSS</h3>

<p>Se você alugar um servidor (real ou virtual), cujo carregamento de software
você tem controle, isso não é SaaSS. No SaaSS, outra pessoa decide qual
software é usado no servidor e, portanto, controla a computador que ele faz
por você. No caso em que você instala o software no servidor, você controla
qual computação ele faz por você. Então, o servidor alugado é, virtualmente,
seu computador. Neste quesito, ele conta como seu próprio.</p>

<p>Os <em>dados</em> no servidor remoto alugado são menos seguros do que se
você tivesse o servidor em casa, mas essa é uma questão separada do SaaSS.</p>

<p>Esse tipo de aluguel de servidor às vezes é chamado de "IaaS", mas esse
termo se encaixa em uma estrutura conceitual que minimiza as questões que
consideramos importantes.</p>

<h3>Lidando com o Problema do SaaSS</h3>

<p>Somente uma pequena fração de todos os sítios web fazem SaaSS; a maioria não
apresenta esse problema. Mas o que nós devemos fazer quanto àqueles que o
apresentam?</p>

<p>Para o simples caso em que você está fazendo sua própria atividade
computacional sobre dados que estão em suas próprias mãos, a solução é
simples: use sua própria cópia de um software livre. Faça sua edição de
texto com sua própria cópia de um editor de textos livre, como o GNU Emacs,
ou um processador de textos livre. Faça sua edição de fotos com sua cópia de
um software livre, como o GIMP. Mas, e se não houver nenhum programa livre à
disposição? Um programa proprietário ou um SaaSS tiraria sua liberdade,
portanto você não deve usá-los. Você pode contribuir com tempo ou dinheiro
para o desenvolvimento de um substituto livre.</p>

<p>Mas, e sobre a colaboração com outras pessoas como um grupo? Isso pode ser
difícil de se fazer no momento sem usar um servidor, e seu grupo pode não
saber como rodar um servidor próprio. Se você usar um servidor alheio, pelo
menos não confie em um servidor mantido por uma empresa. Um mero contrato
como um cliente não é proteção, a não ser que você possa detectar falhas e
possa realmente processar a empresa, e provavelmente a empresa escreve seus
contratos de forma a permitir uma vasta gama de abusos. O Estado pode
apreender seus dados na empresa, junto com os dados de todos os demais, como
o Obama fez com companhias telefônicas que ilegalmente grampeavam seus
clientes para o Bush. Se você precisar usar um servidor, use um servidor
cujos operadores deem a você uma base para confiar além de um mero
relacionamento comercial.</p>

<p>Porém, em uma escala a longo prazo, nós podemos criar alternativas ao uso de
servidores. Por exemplo, nós podemos criar um programa ponto-a-ponto
[peer-to-peer] através do qual colaboradores possam compartilhar dados
criptografados. A comunidade de software livre deve desenvolver substitutos
ponto-a-ponto distribuídos para “aplicações web” importantes. Pode ser sábio
disponibilizá-los sob a <a href="/licenses/why-affero-gpl.html">GNU
AGPL</a>, pois eles são prováveis candidatos a se converterem em programas
baseados em servidor por outra pessoa. O <a href="/">Projeto GNU</a> está
procurando voluntários para trabalhar em tais substitutos. Nós também
convidamos outros projetos de software livre a considerarem essa questão em
seu <em>design</em>.</p>

<p>Enquanto isso, se uma empresa convidar você a usar o servidor dela para
fazer suas próprias tarefas computacionais, não se submeta. Não use
SaaSS. Não compre ou instale “thin clients”, que são apenas computadores tão
fracos que obrigam-lhe a fazer o trabalho real em um servidor, a não ser que
você vá usá-los em <em>seu próprio</em> servidor. Use um computador real e
mantenha seus dados nele. Faça sua própria computação com sua própria cópia
de programa livre, em prol da sua liberdade.</p>

<h3>Veja também:</h3>
<p><a href="/philosophy/bug-nobody-allowed-to-understand.html">O Erro que
Ninguém Tem Permissão para Entender</a>.</p>

<div class="translators-notes">

<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't have notes.-->
<b>Nota do Tradutor:</b> O termo “thin client” foi mantido original dado seu
comum uso em português, mas uma tradução não tão comum seria “cliente
magro”.</div>
</div>

<!-- for id="content", starts in the include above -->
<!--#include virtual="/server/footer.pt-br.html" -->
<div id="footer">
<div class="unprintable">

<p>Envie perguntas em geral sobre a FSF e o GNU para <a
href="mailto:gnu@gnu.org">&lt;gnu@gnu.org&gt;</a>. Também existem <a
href="/contact/">outros meios de contatar</a> a FSF. Links quebrados e
outras correções ou sugestões podem ser enviadas para <a
href="mailto:webmasters@gnu.org">&lt;webmasters@gnu.org&gt;</a>.</p>

<p>
<!-- TRANSLATORS: Ignore the original text in this paragraph,
        replace it with the translation of these two:

        We work hard and do our best to provide accurate, good quality
        translations.  However, we are not exempt from imperfection.
        Please send your comments and general suggestions in this regard
        to <a href="mailto:web-translators@gnu.org">

        &lt;web-translators@gnu.org&gt;</a>.</p>

        <p>For information on coordinating and submitting translations of
        our web pages, see <a
        href="/server/standards/README.translations.html">Translations
        README</a>. -->
A equipe de traduções para o português brasileiro se esforça para oferecer
traduções precisas e de boa qualidade, mas não estamos isentos de erros. Por
favor, envie seus comentários e sugestões em geral sobre as traduções para
<a
href="mailto:web-translators@gnu.org">&lt;web-translators@gnu.org&gt;</a>.
</p><p>Consulte o <a href="/server/standards/README.translations.html">Guia
para as traduções</a> para mais informações sobre a coordenação e o envio de
traduções das páginas deste site.</p>
</div>

<!-- Regarding copyright, in general, standalone pages (as opposed to
     files generated as part of manuals) on the GNU web server should
     be under CC BY-ND 4.0.  Please do NOT change or remove this
     without talking with the webmasters or licensing team first.
     Please make sure the copyright date is consistent with the
     document.  For web pages, it is ok to list just the latest year the
     document was modified, or published.
     
     If you wish to list earlier years, that is ok too.
     Either "2001, 2002, 2003" or "2001-2003" are ok for specifying
     years, as long as each year in the range is in fact a copyrightable
     year, i.e., a year in which the document was published (including
     being publicly visible on the web or in a revision control system).
     
     There is more detail about copyright years in the GNU Maintainers
     Information document, www.gnu.org/prep/maintain. -->
<p>Copyright &copy; 2010, 2013, 2015, 2016, 2018 Richard Stallman</p>

<p>Esta página está licenciada sob uma licença <a rel="license"
href="http://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/deed.pt_BR">Creative
Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional</a>.</p>

<!--#include virtual="/server/bottom-notes.pt-br.html" -->
<div class="translators-credits">

<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't want credits.-->
<b>Tradução:</b> Rafael Fontenelle <a
href="mailto:rafaelff@gnome.org">&lt;rafaelff@gnome.org&gt;</a>, 2012, 2017,
2018; Hudson Flávio Meneses Lacerda, 2014</div>

<p class="unprintable"><!-- timestamp start -->
Última atualização:

$Date: 2020/05/22 22:05:25 $

<!-- timestamp end -->
</p>
</div>
</div>
<!-- for class="inner", starts in the banner include -->
</body>
</html>