From 1ae0306a3cf2ea27f60b2d205789994d260c2cce Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Christian Grothoff Date: Sun, 11 Oct 2020 13:29:45 +0200 Subject: add i18n FSFS --- .../blog/articles/br/devils-advocate.html | 175 +++++++++++++++++++++ 1 file changed, 175 insertions(+) create mode 100644 talermerchantdemos/blog/articles/br/devils-advocate.html (limited to 'talermerchantdemos/blog/articles/br/devils-advocate.html') diff --git a/talermerchantdemos/blog/articles/br/devils-advocate.html b/talermerchantdemos/blog/articles/br/devils-advocate.html new file mode 100644 index 0000000..3984542 --- /dev/null +++ b/talermerchantdemos/blog/articles/br/devils-advocate.html @@ -0,0 +1,175 @@ + + + + +Advogado do Diago - Projeto GNU - Free Software Foundation + + + +

Por que o advogado do diabo não ajuda a alcançar a verdade

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por Richard Stallman

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Se fazer de advogado do diabo significa desafiar uma posição ao dizer o que +um adversário hipotético diria. Eu encontro isso com frequência em +entrevistas e sessões de perguntas e respostas, e muitas pessoas acreditam +que esta é uma boa maneira de colocar uma posição polêmica em teste. O que +realmente faz é colocar a posição controversa em desvantagem.

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Há uma maneira indireta de se fazer o advogado do diabo: por exemplo, “Se eu +defendesse sua posição, como eu deveria responder se alguém dissesse XYZ?” +– Isso é menos hostil do que o advogador do diabo comum, que +simplesmente diria XYZ, mas tem o mesmo efeito.

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Os adversários astutos tentam intencionalmente obstruir a consideração +pensativa de uma posição que eles se opõem. Meu adversário astuto e sem +escrúpulos (o “diabo”, digamos) não quer que meus pontos de vista obtenham +uma audiência adequada, especialmente se o diabo acha que eles são válidos e +as pessoas podem concordar com eles. A melhor maneira de evitar isso é me +impedir de fazê-los entender.

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O diabo consegue isso distorcendo minhas palavras: apresentando um contexto +enganador no qual minhas palavras parecem significar algo além do que eu +pretendia. Se isso for bem sucedido, ele vai confundir o público e vai +distraí-los da questão, impedindo-a de ser devidamente levantada. Se isso +faz com que minhas palavras pareçam significar algo que a audiência vai +condenar, e que ninguém presente é realmente a favor, talvez eu precise de +uma longa explicação para voltar ao assunto. Pode não haver tempo para isso, +ou o público pode perder o foco.

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Se eu tiver sucesso em superar o primeiro mal-entendido, o adversário astuto +criaria outro, e outro. Se o adversário é melhor no cerco verbal do que eu, +talvez eu nunca consiga passar o meu ponto de vista com sucesso. Se o +estresse me deixa nervoso e eu tenho problemas para falar claramente, o +adversário vai contar isso como um sucesso. Pouco importa para o diabo se +minha posição seja vencida ou apenas eu pessoalmente, desde que o público +rejeite meus pontos de vista.

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Se você não é um verdadeiro “demônio” apenas se fazendo de advogado do +diabo, você realmente não tem interesse em me impedir de apresentar o ponto +pretendido. Mas você pode evitá-lo sem querer. Se fazer de advogado do diabo +significa que você age de forma hostil mesmo que você não sinta a +hostilidade. Uma vez que você decide dizer o que um adversário diria, é +provável que você faça o trabalho na melhor forma possível, imitando o +adversário mais difícil que você pode imaginar: o astuto e sem escrúpulos, +cujo objetivo é se opor ao invés de chegar à verdade.

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Se você sabe o que esses adversários me disseram, ou se você é habilidoso em +imaginá-los, você diria as mesmas coisas que eles. Essas declarações podem +distrair o público e bloquear a consideração da questão, como se um +verdadeiro adversário as tivesse dito. Mas se você não é realmente meu +adversário, esse resultado pode não ser o que você realmente quer. Se o seu +objetivo fosse lançar luz sobre a questão, sua abordagem depõe contra você +mesmo.

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O que eu digo em muitas questões vai contra a posição de estabelecimento, e +não espero que as pessoas concordem comigo sem considerar a questão +completamente, incluindo os contra-argumentos. Na verdade, seria quase +impossível para qualquer um evitar considerar os argumentos estabelecidos, +já que todos os conhecem de cor. Julgar o que é certo exige chegar ao fundo +da questão.

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O tipo de perguntas que ajuda a chegar ao fundo de uma questão não são as +que um adversário astuto e sem escrúpulos colocaria, mas sim as de uma +pessoa pensativa que não se conformou per mente (1). São +perguntas que distinguem os aspectos da questão, de modo que se possa ver as +várias posições possíveis em cada aspecto, o que elas implicam e como elas +se relacionam. Muito diferente de se fazer de advogado do diabo.

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Assim, em vez de tentar se fazer de advogado do diabo, sugiro que você adote +o objetivo de “sondar as questões”. E se lhe perguntarem como você +responderia se alguém fizesse uma pergunta hostil, talvez este ensaio seja +uma boa resposta.

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Nota de rodapé

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  1. O autor usa os pronomes “pessoa”, “per” e “pers” na terceira pessoa do +singular, neutros em termos de gênero.
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