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+++ b/talermerchantdemos/blog/articles/br/who-does-that-server-really-serve.html
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+
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+<!-- Parent-Version: 1.86 -->
+
+<!-- This file is automatically generated by GNUnited Nations! -->
+<title>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve? - Projeto GNU - Free Software
+Foundation</title>
+
+<!--#include virtual="/philosophy/po/who-does-that-server-really-serve.translist" -->
+<!--#include virtual="/server/banner.pt-br.html" -->
+<h2>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve?</h2>
+
+<p>por <strong>Richard Stallman</strong></p>
+
+<blockquote><p>(A primeira versão foi publicada no <a
+href="http://www.bostonreview.net/richard-stallman-free-software-DRM">Boston
+Review</a>.)</p></blockquote>
+
+<p><strong>Na internet, software proprietário não é a única maneira de você
+perder a sua liberdade. Serviço como Substituto de Software [Service as a
+Software Substitute], ou SaaSS, é outra forma de dar a alguém poder sobre
+sua computação.</strong></p>
+
+<p>O ponto básico é que você pode ter controle sobre um programa que outra
+pessoa escreveu (se ele é livre), mas você nunca pode ter controle sobre um
+serviço executado por uma outra pessoa, então nunca use um serviço cuja
+tarefa uma programa faria.</p>
+
+
+<p>SaaSS significa usar um serviço, implementado por outra pessoa, como um
+substituto da execução de sua própria cópia de um programa. O termo é nosso;
+artigos e anúncios publicitários não irão usá-lo, e eles não vão contar a
+você que um serviço é SaaSS. Ao invés disso, provavelmente usarão o termo
+vago e elusivo “nuvem”, ou sua versão em inglês “cloud”, o qual mistura
+SaaSS junto com várias outras práticas, algumas abusivas e algumas
+aceitáveis. Com a explanação e os exemplos desta página, você poderá
+determinar se um serviço é ou não SaaSS.</p>
+
+<h3>Plano de fundo: Como o Software Proprietário Toma a Sua Liberdade</h3>
+
+<p>Tecnologia digital pode dar a você liberdade; ela também pode tomar a sua
+liberdade. A primeira ameaça ao nosso controle sobre a nossa computação veio
+do <em>software proprietário</em>: softwares que os usuários não podem
+controlar porque o fabricante (uma empresa como a Apple ou a Microsoft) o
+controla. O dono com frequência tira vantagem desse poder injusto, inserindo
+funcionalidades maliciosas tais como spyware, back doors e <a
+href="http://DefectiveByDesign.org">Gestão Digital de Restrições (DRM)</a>
+(referenciado como “Gestão de Direitos Digitais” [Digital Rights Management]
+nas suas propagandas).</p>
+
+<p>Nossa solução para este problema é o desenvolvimento de <em>software
+livre</em> e a rejeição de software proprietário. Software livre significa
+que você, como um usuário, tem quatro liberdades essenciais: (0)&nbsp;de
+executar o programa como você desejar, (1)&nbsp;de estudar e alterar o
+código-fonte para que ele faça o que você desejar, (2)&nbsp;de redistribuir
+cópias exatas e (3)&nbsp;de redistribuir cópias de suas versões
+modificadas. (Veja a <a href="/philosophy/free-sw.html">definição de
+software livre</a>.)</p>
+
+<p>Com software livre, nós, os usuários, tomamos de volta o controle sobre
+nossa computação. Software proprietário ainda existe, mas nós podemos
+excluí-lo de nossas vidas, e muitos de nós já o fizemos. Porém, agora a nós
+é oferecida uma outra forma tentadora de ceder o controle de nossa
+computação: Serviço como Substituto de Software (SaaSS). Para o bem de nossa
+liberdade, temos que rejeitar isso também.</p>
+
+<h3>Como Serviço como substituto de Software Tira Sua Liberdade</h3>
+
+<p>Serviço como Substituto de Software (SaaSS) significa usar um serviço ao
+invés de executar sua cópia de um programa. Concretamente, significa que
+alguém configura um servidor de rede para realizar determinadas tarefas
+computacionais &mdash; por exemplo, modificar uma fotografia, traduzir um
+texto para outro idioma, etc. &mdash; e, então, convida usuários a usar os
+serviços computacionais através daquele servidor. O usuário envia seus dados
+para esse servidor, que faz <em>a computação do próprio usuário</em> sobre
+os dados fornecidos, e então envia os resultados de volta, diretamente a
+ele, ou em seu nome.</p>
+
+<p>A computação é <em>do próprio usuário</em> porque supõe-se que, em
+princípio, ele poderia tê-la realizado usando um programa em seu próprio
+computador (independentemente de o programa estar ou não disponível para ele
+no momento). Nos casos em que essa suposição não se aplica, não se trata de
+SaaSS.</p>
+
+<p>Esses servidores tiram o controle dos usuários de forma ainda mais
+inexorável do que os softwares proprietários. Com software proprietário, os
+usuários normalmente têm um arquivo executável, mas não o código-fonte. Isso
+torna difícil estudar o código que está sendo executado e, portanto, é
+difícil determinar o que o programa realmente faz, e é difícil alterá-lo.</p>
+
+<p>Com SaaSS, os usuários não têm nem mesmo o arquivo executável que realiza
+sua computação: ele está no servidor de outra pessoa, onde os usuários não
+podem vê-lo nem tocá-lo. Portanto, é impossível para eles ter certeza do que
+o programa realmente faz, e é impossível modificá-lo.</p>
+
+<p>Além do mais, SaaSS automaticamente leva a consequências equivalentes aos
+recursos maliciosos de certos programas proprietários.</p>
+
+<p> Por exemplo, alguns programas proprietários são “spyware”: o programa <a
+href="/philosophy/proprietary-surveillance.html">envia dados sobre as
+atividades computacionais dos usuários</a>. Microsoft Windows envia
+informações das atividades do usuário para a Microsoft. Windows Media Player
+relata o que cada usuário assiste ou ouve. O Amazon Kindle relata quais
+páginas de quais livros o usuário vê, e quando. Angry Birds relata o
+histórico de localização geográfica do usuário.</p>
+
+<p>Diferentemente do software proprietário, SaaSS não requer código oculto para
+obter dados do usuário. Ao invés disso, os usuários devem enviar seus dados
+para o servidor, para poderem usá-lo. Isso tem o mesmo efeito que o spyware:
+o operador do servidor obtém os dados &mdash; sem nenhum esforço em
+especial, pela própria natureza do SaaSS. Amy Webb, que nunca teve a
+intenção de postar nenhuma foto de sua filha, cometeu o erro de usar SaaSS
+(Instagram) para editar fotos dela. Eventualmente, <a
+href="http://www.slate.com/articles/technology/data_mine_1/2013/09/privacy_facebook_kids_don_t_post_photos_of_your_kids_on_social_media.html">as
+fotos vazaram de lá</a>.
+</p>
+
+<p>Teoricamente, criptografia homomórfica pode, em algum dia, avançar até o
+ponto em que serviços futuros de SaaSS poderem ser construídos com a
+capacidade de entender alguns dados que usuários lhes enviam. Tais serviços
+<em>poderiam</em> ser configurados para não bisbilhotar os usuários; isso
+não significa que eles <em>não vão</em> bisbilhotar.</p>
+
+<p>Alguns sistemas operacionais proprietários têm uma porta dos fundos [back
+door] universal, permitindo que alguém possa, remotamente, instalar
+alterações nos programas. Por exemplo, Windows tem uma porta dos fundos
+universal com a qual a Microsoft pode alterar à força qualquer software
+naquela máquina. Praticamente todos os telefones portáteis as têm,
+também. Algumas aplicações proprietárias também têm portas dos fundos
+universais: por exemplo, o cliente Steam para GNU/Linux permite ao
+desenvolvedor instalar versões modificadas à distância.</p>
+
+<p>Com SaaSS, o operador do servidor pode modificar o software usado no
+servidor. Ele tem que ser capaz de fazer isso, já que o computador é dele;
+mas o resultado [para o usuário] é o mesmo que usar programa aplicativo
+proprietário com uma porta dos fundos universal: alguém tem o poder de,
+silenciosamente, impor mudanças no modo com que a computação do usuário é
+feita.</p>
+
+<p>Portanto, SaaSS é equivalente a executar software proprietário com spyware e
+uma porta dos fundos [back door] universal. Ele concede ao operador do
+servidor um poder injusto sobre o usuário, e esse poder é algo a que devemos
+resistir.</p>
+
+<h3>SaaSS e SaaS</h3>
+
+<p>Originalmente, nós nos referíamos a essa prática problemática como “SaaS”,
+que significa Software como Serviço [“Software as a Service”]. Trata-se de
+um termo comumente usado para a configuração de software em um servidor, ao
+invés da oferta de cópias dele aos usuários, e nós pensávamos que esse termo
+descrevia com precisão os casos em que esse problema ocorre.</p>
+
+<p>Subsequentemente, tomamos consciência de que o termo SaaS algumas vezes é
+usado para serviços de comunicação &mdash; atividades em que essa questão
+não se aplica. Adicionalmente, o termo “Software como Serviço” não explica
+<em>por que</em> a prática é ruim. Então, nós cunhamos o termo “Serviço como
+Substituto de Software” [“Service as a Software Substitute”], que define a
+má prática mais claramente e diz o que é ruim nela.</p>
+
+<h3>Separando a Questão do SaaSS da Questão do Software Proprietário</h3>
+
+<p>SaaSS e software proprietário levam a resultados similarmente danosos, mas
+os mecanismos são diferentes. Com o software proprietário, o mecanismo é que
+você tem e usa uma cópia que é difícil ou ilegal alterar. Com o SaaSS, o
+mecanismo é que você não tem a cópia que executa sua computação.</p>
+
+<p>Essas duas questões são frequentemente confundidas, e não apenas por
+acidente. Desenvolvedores web usam o termo vago “aplicação web” para
+amontoar os softwares de servidor juntos com programas que executam no
+navegador web da sua máquina. Algumas páginas web instalam programas
+JavaScript não-triviais, ou por vezes grandes, em seu navegador, sem lhe
+informar. <a href="/philosophy/javascript-trap.html">Quando esses programas
+JavaScripts são não-livres</a>, eles podem ser tão ruins quanto qualquer
+outro software não-livre. Aqui, porém, estamos tratando do problema do
+software do servidor em si mesmo.</p>
+
+<p>Muitos apoiadores de software livre presumem que o problema do SaaSS vai ser
+resolvido pelo desenvolvimento de software livre para servidores. Para o bem
+dos operadores de servidor, é melhor que os programas no servidor sejam
+livres; quando eles são proprietários, seus donos têm o poder sobre o
+servidor. Isso é injusto com o operador e não ajuda os usuários em nada. Mas
+se os programas no servidor são livres, isso não protege você <em>como
+usuário do servidor</em> dos efeitos do SaaSS. Eles dão liberdade ao
+operador, mas não aos usuários do servidor.</p>
+
+<p>Liberar o código-fonte de software para servidor beneficia a comunidade:
+isso permite que usuários com as habilidades adequadas configurem servidores
+similares, possivelmente alterando o software. <a
+href="/licenses/license-recommendations.html">Recomendamos o uso da GNU
+Affero GPL</a> como licença para os programas frequentemente usados em
+servidores.</p>
+
+<p>Mas nenhum daqueles servidores daria a você o controle sobre a computação
+que você faz nele, a não ser que seja o <em>seu</em> servidor (um daqueles
+cuja carga de software você controla, independentemente da máquina ser de
+sua propriedade). Pode ser aceitável confiar algumas tarefas a servidores de
+amigos seus, assim como você poderia deixar um amigo seu configurar os
+programas de seu próprio computador. Fora isso, todos aqueles servidores
+serão SaaSS para você. SaaSS sempre lhe sujeita ao poder do operador do
+servidor, e o único remédio é: <em>Não use SaaSS!</em> Não use um servidor
+alheio para fazer suas próprias atividades computacionais sobre dados
+fornecidos por você.</p>
+
+<p>Essa questão demonstra a profundidade da diferença entre “aberto” e
+“livre”. Código-fonte que é um código aberto <a
+href="/philosophy/free-open-overlap.html">é (quase sempre) livre</a>. Porém,
+a ideia de um <a href="https://opendefinition.org/ossd/">serviço “software
+aberto”</a>, referindo-se a um software de servidor ser código aberto e/ou
+livre, falha em resolver a questão do SaaSS.</p>
+
+<p>Serviços são fundamentalmente diferentes de programas, e as questões éticas
+que serviços levantam são fundamentalmente diferentes das questões que
+programas levantam. Para evitar confusão, <a
+href="/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.html">evitamos
+descrever algum serviço como “livre” ou “proprietário”</a>.</p>
+
+<h3>Diferenciando SaaSS de Outros Serviços de Rede</h3>
+
+<p>Quais serviços são SaaSS? O exemplo mais claro é um serviço de tradução, que
+traduz (digamos) um texto de inglês para espanhol. A tradução de um texto
+para você é uma tarefa computacional que é puramente sua. Você poderia
+realizá-la executando um programa em seu próprio computador, se você
+simplesmente tivesse o programa certo. (Para ser ético, esse programa deve
+ser livre.) O serviço de tradução substitui esse programa, então trata-se de
+Serviço como Substituto de Software, ou SaaSS. Por lhe negar o controle de
+sua própria computação, ele é ruim para você.</p>
+
+<p>Outro exemplo claro é o uso de um serviço como Flickr ou Instagram para
+modificar uma foto. Modificar fotos é uma atividade que as pessoas têm
+feito em seus próprios computadores ao longo de décadas; fazê-la em um
+servidor, ao invés de em seu próprio computador é SaaSS.</p>
+
+<p>Rejeitar SaaSS não significa se recusar a usar quaisquer servidores de rede
+mantidos por qualquer pessoa além de você. A maioria dos servidores não são
+SaaSS porque os trabalhos que eles fazem não são a computação do próprio
+usuário.</p>
+
+<p>O propósito original de servidores web não era realizar atividades
+computacionais por você, e sim publicar informações para você acessar. Mesmo
+hoje em dia, é isso o que faz a maioria dos sites, sem que haja o problema
+do SaaSS, pois acessar uma informação publicada por outra pessoa não é fazer
+sua própria computação. Nem a publicação de seu próprio material através de
+um site de blog ou serviço de microblog, como Twitter ou StatusNet. (Esses
+serviços podem ter outros problemas, é claro.) O mesmo vale para outras
+comunicações que não têm a intenção de ser privadas, como grupos de
+bate-papo.</p>
+
+<p>Na sua essência, as redes sociais digitais são uma forma de comunicação e
+publicação, não SaaSS. Entretanto, um serviço cuja principal função é a de
+rede social pode ter recursos e extensões que são SaaSS.</p>
+
+<p>Se um serviço não é SaaSS, isso não significa que ele não apresente algum
+problema. Há outras questões éticas sobre serviços. Por exemplo, Facebook
+distribui vídeo em Flash, o que pressiona o usuário a usar software não
+livre; o Facebook também requer a execução de código JavaScript não-livre; e
+ele dá aos usuários uma impressão enganosa de privacidade, enquanto os induz
+a desnudar suas vidas para o Facebook. Essas são questões importantes,
+diversas da questão do SaaSS.
+</p>
+
+<p>Serviços como mecanismos de pesquisa coletam dados de toda a web e permitem
+que você os examine. Observar a coleção de dados deles não é fazer sua
+própria atividade computacional, no sentido comum &mdash; você não forneceu
+aquela coleção de dados &mdash;, então o uso de um tal serviço para
+pesquisar a web não é SaaSS. Porém, usar o mecanismo de pesquisa alheio para
+implementar um recurso de pesquisa em seu próprio site definitivamente
+<em>é</em> SaaSS.</p>
+
+<p>Compras pela internet não é SaaSS, pois a computação não é <em>sua
+própria</em> atividade; pelo contrário, ela é feita conjuntamente por você e
+pela loja. O problema real nas compras pela internet é se você confia seu
+dinheiro e outras informações pessoais (a começar pelo seu nome) à outra
+parte.</p>
+
+<p>Sites de repositórios tais como Savannah e SourceForge não são inerentemente
+SaaSS porque a tarefa de um repositório é publicar os dados a ele
+fornecidos.</p>
+
+<p>Usar servidores de projeto conjunto não é SaaSS porque a atividade
+computacional que você faz desta forma não é sua própria. Por exemplo, ao
+editar páginas na Wikipédia, você não está fazendo sua própria computação;
+ao invés disso, você está colaborando para a atividade computacional da
+Wikipédia. A Wikipédia controla seus próprios servidores, mas organizações,
+assim como indivíduos, encontram o problema do SaaSS quando fazem sua
+própria computação em um servidor alheio.</p>
+
+<p>Alguns sites oferecem múltiplos serviços, e se um não é SaaSS, outro pode
+ser SaaSS. Por exemplo, o serviço principal do Facebook é o de rede social,
+e isso não é SaaSS; porém, ele possui suporte a aplicativos de terceiros,
+alguns dos quais são SaaSS. O serviço principal do Flickr é a distribuição
+de fotos, que não é SaaSS, mas ele também possui recursos para a edição de
+fotos, que é SaaSS. Da mesma maneira, usar Instagram para postar uma foto
+não é SaaSS, mas usá-lo para transformar uma foto é SaaSS.</p>
+
+<p>Google Docs mostra o quão complexa pode se tornar a avaliação de um único
+serviço. Ele convida pessoas a editarem um documento através da execução de
+um enorme <a href="/philosophy/javascript-trap.html">programa JavaScript
+não-livre</a>, claramente mau. Contudo, oferece uma API para <em>upload</em>
+e <em>download</em> de documentos em formatos padrão. Um software editor
+livre pode fazer isso usando essa API. Esse cenário de uso não é SaaSS
+porque usa Google Docs como um mero repositório. Mostrar todos os seus dados
+para uma companhia é ruim, mas isso é um problema de privacidade, não de
+SaaSS; depender de um serviço para acessar seus próprios dados é mau, porém
+é um problema de risco, não de SaaSS. Por outro lado, usar o serviço para
+converter documentos de um formato a outro <em>é</em> SaaSS, porque é algo
+que poderia ser feito rodando um programa adequado (livre, espera-se) em seu
+próprio computador.</p>
+
+<p>Usar Google Docs através de um editor livre é raro, é claro. Mais
+frequentemente, as pessoas o usam através do programa JavaScript não-livre,
+que é tão ruim quanto qualquer programa não-livre. Esse cenário poderia
+envolver SaaSS, também; isso vai depender de que parte da edição é feita no
+programa JavaScript e que parte é feita no servidor. Não sabemos como isso é
+feito, mas, desde que SaaSS e software proprietário causam males parecidos
+ao usuário, não é crucial saber como.</p>
+
+<p>A publicação através do repositório de outra pessoa não levanta problemas de
+privacidade, mas publicar através do Google Docs tem um problema especial: é
+impossível até mesmo <em>ver o texto</em> de um documento no Google Docs em
+um navegador, sem executar o código JavaScript não-livre. Então, você não
+deve usar Google Docs para publicar nada &mdash; mas a razão não é um
+assunto de SaaSS.</p>
+
+<p>A indústria de TI desencoraja os usuários a considerarem essas diferenças. É
+para isso que serve a expressão do momento “computação em nuvem” [“cloud
+computing”]. Esse termo é tão nebuloso que pode referir-se a quase qualquer
+uso da internet. Ele inclui SaaSS assim como muitas outras práticas de uso
+de rede. Em qualquer dado contexto, um autor que escreve “nuvem” (se ele é
+uma pessoa técnica) provavelmente tem um significado específico em mente,
+mas usualmente não explica que em outros artigos o termo tem outros
+significados específicos. O termo induz as pessoas a generalizarem sobre
+práticas que elas deveriam considerar separadamente.</p>
+
+<p>Se “computação em nuvem” tem algum significado, não se trata de um jeito de
+efetuar uma computação, mas de um jeito de pensar sobre computação. Uma
+abordagem irresponsável, que diz: “Não façam perguntas. Não se preocupem com
+quem controla sua computação ou quem detém seus dados. Não verifiquem se há
+algum anzol escondido em nosso serviço antes de engoli-lo. Confiem em
+companhias sem hesitar”. Em outras palavras, “Seja um otário”. Uma nuvem na
+mente é um obstáculo ao pensamento claro. Em prol do pensamento claro,
+evitemos o termo “nuvem”.</p>
+
+<h3 id="renting">Alugando um Servidor Diferente de SaaSS</h3>
+
+<p>Se você alugar um servidor (real ou virtual), cujo carregamento de software
+você tem controle, isso não é SaaSS. No SaaSS, outra pessoa decide qual
+software é usado no servidor e, portanto, controla a computador que ele faz
+por você. No caso em que você instala o software no servidor, você controla
+qual computação ele faz por você. Então, o servidor alugado é, virtualmente,
+seu computador. Neste quesito, ele conta como seu próprio.</p>
+
+<p>Os <em>dados</em> no servidor remoto alugado são menos seguros do que se
+você tivesse o servidor em casa, mas essa é uma questão separada do SaaSS.</p>
+
+<p>Esse tipo de aluguel de servidor às vezes é chamado de "IaaS", mas esse
+termo se encaixa em uma estrutura conceitual que minimiza as questões que
+consideramos importantes.</p>
+
+<h3>Lidando com o Problema do SaaSS</h3>
+
+<p>Somente uma pequena fração de todos os sítios web fazem SaaSS; a maioria não
+apresenta esse problema. Mas o que nós devemos fazer quanto àqueles que o
+apresentam?</p>
+
+<p>Para o simples caso em que você está fazendo sua própria atividade
+computacional sobre dados que estão em suas próprias mãos, a solução é
+simples: use sua própria cópia de um software livre. Faça sua edição de
+texto com sua própria cópia de um editor de textos livre, como o GNU Emacs,
+ou um processador de textos livre. Faça sua edição de fotos com sua cópia de
+um software livre, como o GIMP. Mas, e se não houver nenhum programa livre à
+disposição? Um programa proprietário ou um SaaSS tiraria sua liberdade,
+portanto você não deve usá-los. Você pode contribuir com tempo ou dinheiro
+para o desenvolvimento de um substituto livre.</p>
+
+<p>Mas, e sobre a colaboração com outras pessoas como um grupo? Isso pode ser
+difícil de se fazer no momento sem usar um servidor, e seu grupo pode não
+saber como rodar um servidor próprio. Se você usar um servidor alheio, pelo
+menos não confie em um servidor mantido por uma empresa. Um mero contrato
+como um cliente não é proteção, a não ser que você possa detectar falhas e
+possa realmente processar a empresa, e provavelmente a empresa escreve seus
+contratos de forma a permitir uma vasta gama de abusos. O Estado pode
+apreender seus dados na empresa, junto com os dados de todos os demais, como
+o Obama fez com companhias telefônicas que ilegalmente grampeavam seus
+clientes para o Bush. Se você precisar usar um servidor, use um servidor
+cujos operadores deem a você uma base para confiar além de um mero
+relacionamento comercial.</p>
+
+<p>Porém, em uma escala a longo prazo, nós podemos criar alternativas ao uso de
+servidores. Por exemplo, nós podemos criar um programa ponto-a-ponto
+[peer-to-peer] através do qual colaboradores possam compartilhar dados
+criptografados. A comunidade de software livre deve desenvolver substitutos
+ponto-a-ponto distribuídos para “aplicações web” importantes. Pode ser sábio
+disponibilizá-los sob a <a href="/licenses/why-affero-gpl.html">GNU
+AGPL</a>, pois eles são prováveis candidatos a se converterem em programas
+baseados em servidor por outra pessoa. O <a href="/">Projeto GNU</a> está
+procurando voluntários para trabalhar em tais substitutos. Nós também
+convidamos outros projetos de software livre a considerarem essa questão em
+seu <em>design</em>.</p>
+
+<p>Enquanto isso, se uma empresa convidar você a usar o servidor dela para
+fazer suas próprias tarefas computacionais, não se submeta. Não use
+SaaSS. Não compre ou instale “thin clients”, que são apenas computadores tão
+fracos que obrigam-lhe a fazer o trabalho real em um servidor, a não ser que
+você vá usá-los em <em>seu próprio</em> servidor. Use um computador real e
+mantenha seus dados nele. Faça sua própria computação com sua própria cópia
+de programa livre, em prol da sua liberdade.</p>
+
+<h3>Veja também:</h3>
+<p><a href="/philosophy/bug-nobody-allowed-to-understand.html">O Erro que
+Ninguém Tem Permissão para Entender</a>.</p>
+
+<div class="translators-notes">
+
+<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't have notes.-->
+<b>Nota do Tradutor:</b> O termo “thin client” foi mantido original dado seu
+comum uso em português, mas uma tradução não tão comum seria “cliente
+magro”.</div>
+</div>
+
+<!-- for id="content", starts in the include above -->
+<!--#include virtual="/server/footer.pt-br.html" -->
+<div id="footer">
+<div class="unprintable">
+
+<p>Envie perguntas em geral sobre a FSF e o GNU para <a
+href="mailto:gnu@gnu.org">&lt;gnu@gnu.org&gt;</a>. Também existem <a
+href="/contact/">outros meios de contatar</a> a FSF. Links quebrados e
+outras correções ou sugestões podem ser enviadas para <a
+href="mailto:webmasters@gnu.org">&lt;webmasters@gnu.org&gt;</a>.</p>
+
+<p>
+<!-- TRANSLATORS: Ignore the original text in this paragraph,
+ replace it with the translation of these two:
+
+ We work hard and do our best to provide accurate, good quality
+ translations. However, we are not exempt from imperfection.
+ Please send your comments and general suggestions in this regard
+ to <a href="mailto:web-translators@gnu.org">
+
+ &lt;web-translators@gnu.org&gt;</a>.</p>
+
+ <p>For information on coordinating and submitting translations of
+ our web pages, see <a
+ href="/server/standards/README.translations.html">Translations
+ README</a>. -->
+A equipe de traduções para o português brasileiro se esforça para oferecer
+traduções precisas e de boa qualidade, mas não estamos isentos de erros. Por
+favor, envie seus comentários e sugestões em geral sobre as traduções para
+<a
+href="mailto:web-translators@gnu.org">&lt;web-translators@gnu.org&gt;</a>.
+</p><p>Consulte o <a href="/server/standards/README.translations.html">Guia
+para as traduções</a> para mais informações sobre a coordenação e o envio de
+traduções das páginas deste site.</p>
+</div>
+
+<!-- Regarding copyright, in general, standalone pages (as opposed to
+ files generated as part of manuals) on the GNU web server should
+ be under CC BY-ND 4.0. Please do NOT change or remove this
+ without talking with the webmasters or licensing team first.
+ Please make sure the copyright date is consistent with the
+ document. For web pages, it is ok to list just the latest year the
+ document was modified, or published.
+
+ If you wish to list earlier years, that is ok too.
+ Either "2001, 2002, 2003" or "2001-2003" are ok for specifying
+ years, as long as each year in the range is in fact a copyrightable
+ year, i.e., a year in which the document was published (including
+ being publicly visible on the web or in a revision control system).
+
+ There is more detail about copyright years in the GNU Maintainers
+ Information document, www.gnu.org/prep/maintain. -->
+<p>Copyright &copy; 2010, 2013, 2015, 2016, 2018 Richard Stallman</p>
+
+<p>Esta página está licenciada sob uma licença <a rel="license"
+href="http://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/deed.pt_BR">Creative
+Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional</a>.</p>
+
+<!--#include virtual="/server/bottom-notes.pt-br.html" -->
+<div class="translators-credits">
+
+<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't want credits.-->
+<b>Tradução:</b> Rafael Fontenelle <a
+href="mailto:rafaelff@gnome.org">&lt;rafaelff@gnome.org&gt;</a>, 2012, 2017,
+2018; Hudson Flávio Meneses Lacerda, 2014</div>
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