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No entanto, eles dizem coisas profundamente diferentes sobre +esses programas, com base em valores diferentes. O movimento do software +livre faz campanha pela liberdade para os usuários da computação; é um +movimento pela liberdade e pela justiça. Por outro lado, a ideia de código +aberto valoriza principalmente a vantagem prática e não faz campanha por +princípios. É por isso que não concordamos com o código aberto e não usamos +esse termo. +</p></blockquote> + +<p>Quando dizemos que um software é “livre”, queremos dizer que ele respeita as +<a href="/philosophy/free-sw.html">liberdades essenciais dos usuários</a>: a +liberdade de executá-lo, de estudá-lo e mudá-lo, e redistribuir cópias com +ou sem mudanças. Isso é uma questão de liberdade, não de preço – pense +em “liberdade de expressão”, não em “cerveja grátis”.</p> + +<p>Essas liberdades são vitalmente importantes. Elas são essenciais não apenas +para os propósitos individuais dos usuários, mas para a sociedade como um +todo, pois elas promovem solidariedade social – isto é, +compartilhamento e cooperação. Elas se tornam ainda mais importantes à +medida que nossa cultura e atividades cotidianas se tornam mais +digitalizadas. Num mundo de sons, imagens e palavras digitais, o software +livre se torna essencial para a liberdade em geral.</p> + +<p>Dezenas de milhões de pessoas no mundo atualmente usam software livre; as +escolas públicas de algumas regiões da Índia e da Espanha ensinam todos seus +estudantes a usar o <a href="/gnu/linux-and-gnu.html">sistema operacional +livre GNU/Linux</a>. Muitos desses usuários, contudo, nunca ouviram sobre as +razões éticas pelas quais nós desenvolvemos esse sistema e construímos a +comunidade do software livre, devido ao fato de que hoje em dia esse sistema +e comunidade são muito frequentemente divulgados como “código aberto”, +atribuindo a eles uma filosofia diferente, na qual essas liberdades +dificilmente são mencionadas.</p> + +<p>O movimento do software livre tem lutado pela liberdade dos usuários de +computador desde 1983. Em 1984 nós iniciamos o desenvolvimento do sistema +operacional livre GNU para que pudéssemos evitar os sistemas operacionais +proprietários (não livres) que negam liberdade aos seus usuários. Durante os +anos 80, nós desenvolvemos boa parte dos componentes essenciais do sistema e +criamos a <a href="/licenses/gpl.html">Licença Pública Geral GNU</a> (GNU +GPL) para lançá-los – uma licença especificamente projetada para +proteger a liberdade de todos os usuários de um programa.</p> + +<p>Nem todos os usuários e desenvolvedores de software livre concordaram com os +objetivos do movimento do software livre. Em 1998, uma parte da comunidade +do software livre se separou e iniciou uma campanha em nome do “código +aberto”. O termo foi originalmente proposto com a finalidade de evitar uma +possível confusão com o termo “software livre”, porém logo se tornou +associado a visões filosóficas bem diferentes daquelas do movimento do +software livre.</p> + +<p>Alguns dos partidários do código aberto consideram o termo uma “campanha de +marketing pelo software livre”, que apela aos empresários ao salientar os +benefícios práticos do software, ao mesmo tempo que não levanta questões +sobre certo e errado que eles podem não querer ouvir. Outros partidários +rejeitam terminantemente os valores éticos e sociais do movimento do +software livre. Quaisquer que sejam seus pontos de vista, na campanha pelo +código aberto, eles não citam nem advogam esses valores. O termo “código +aberto” se tornou rapidamente associado a ideias e argumentos baseados +apenas em valores práticos, tais como criar ou ter software poderoso e +confiável. A maioria dos partidários do código aberto tem feito isso desde +então, e fazem a mesma associação. A maioria das discussões sobre “código +aberto” não presta atenção ao certo e ao errado, apenas à popularidade e ao +sucesso; aqui está um <a +href="http://www.linuxinsider.com/story/Open-Source-Is-Woven-Into-the-Latest-Hottest-Trends-78937.html">exemplo +típico</a>. Uma minoria de defensores do código aberto hoje em dia diz que a +liberdade é parte da questão, mas eles não são muito visíveis entre os +muitos que não o fazem.</p> + +<p>Os dois termos descrevem quase a mesma categoria de software, porém eles +referem-se a visões baseadas em valores fundamentalmente diferentes. Para o +movimento do software livre, o software livre é um imperativo ético, com +respeito essencial à liberdade dos usuários. Em contrapartida, a filosofia +do código aberto considera os problemas em termos de como tornar o software +“melhor” – e, um sentido prático apenas. Ela diz que o software não +livre é uma solução inferior para o problema prático em questão.</p> + +<p>Para o movimento do software livre, contudo, o software não livre é um +problema social e a solução é parar de usá-lo e migrar para o software +livre.</p> + +<p>“Software livre”. “Código aberto”. Se é o mesmo software (<a +href="/philosophy/free-open-overlap.html">ou quase</a>), realmente importa +que nome você usa? Sim, porque palavras diferentes exprimem ideias +diferentes. Embora um programa livre daria a você a mesma liberdade hoje por +qualquer outro nome, estabelecer a liberdade de forma duradoura depende +sobretudo de ensinar as pessoas a valorizar a liberdade. Se você quer ajudar +nesse sentido, é essencial falar em “software livre”.</p> + +<p>Nós do movimento do software livre não vemos o código aberto como um +empreendimento inimigo; o inimigo é o software (não livre) +proprietário. Porém, nós queremos que as pessoas saibam que apoiamos a +liberdade, por isso não aceitamos ser rotulados erroneamente como apoiadores +do código aberto. O que defendemos não é “código aberto” e o que nos opomos +não é “código fechado”. Para deixar isso claro, evitamos usar esses termos. +</p> + +<h3>Diferenças práticas entre Software Livre e Código Aberto</h3> + +<p>Na prática, o código aberto apoia critérios um pouco mais flexíveis que os +do software livre. Até onde sabemos, todos os códigos abertos de software +livre lançados se qualificariam como código aberto. Quase todos os softwares +de código aberto são software livre, mas há exceções. Primeiro, algumas +licenças de código aberto são restritivas demais, de forma que elas não se +qualificam como licenças livres. Por exemplo, a “Open Watcom” é não livre +porque sua licença não permite fazer uma versão modificada e usá-la +privativamente. Por sorte, poucos programas usam tais licenças.</p> + +<p>Em segundo lugar, quando o código-fonte de um programa carrega uma licença +fraca, uma sem copyleft, seus executáveis podem conter condições adicionais +não livres. <a href="https://code.visualstudio.com/License/">A Microsoft faz +isso com o Visual Studio</a>, por exemplo.</p> + +<p>Se esses executáveis corresponderem totalmente aos fontes lançados, eles se +qualificam como código aberto, mas não como software livre. No entanto, +nesse caso, os usuários podem compilar o código-fonte para criar e +distribuir executáveis livres.</p> + +<p>Finalmente, e mais importante na prática, muitos produtos contendo +computadores verificam assinaturas em seus programas executáveis para +bloquear usuários de instalar executáveis; apenas uma empresa privilegiada +pode fazer executáveis que funcionem no dispositivo e que possa acessar toda +sua capacidade. Nós chamamos esses dispositivos de “tiranos”, e a prática é +chamada de “tivoização” em referência ao produto (Tivo) através do qual nós +vimos isto pela primeira vez. Mesmo que o executável tenha sido feito de +código aberto, e nominalmente carrega uma licença livre, os usuários não +podem executar versões modificadas dele, motivo pelo qual o executável é não +livre de-facto.</p> + +<p>Muitos produtos Android contêm executáveis tivoizados não livres do Linux, +mesmo que seu código-fonte esteja sob a versão 2 da GNU GPL. Projetamos a +versão 3 da GNU GPL para proibir essa prática.</p> + +<p>Os critérios de código aberto se preocupam unicamente com o licenciamento do +código aberto. Então, esses executáveis não livres, quando feitos a partir +de código aberto como o Linux, que é um código aberto e livre, são códigos +abertos, porém não livres.</p> + +<h3>Enganos comuns em relação ao “Software Livre” e “Código Aberto”</h3> + +<p>O termo “software livre” está propenso a interpretação errada: o sentido não +intencional de “software que você pode adquirir a custo zero” se encaixa ao +termo tão bem quanto o sentido intencional, “software que dá ao usuário +certas liberdades”. Nós resolvemos esse problema ao publicarmos a definição +de software livre e ao dizer “Pense em ‘liberdade de expressão’, não em +‘cerveja grátis’”. Essa não é uma solução perfeita; ela não elimina +completamente o problema. Um termo não ambíguo e correto seria melhor, se +ele não apresentasse outros problemas.</p> + +<p>Infelizmente, todas as alternativas na língua inglesa têm problemas +próprios. Temos avaliado as muitas sugestões propostas pelas pessoas, mas +nenhuma é tão claramente “adequada” que mudar para ela seria uma boa +ideia. (Por exemplo, em alguns contexto, a palavra “libre” do Francês e do +Espanhol funciona bem, porém as pessoas da Índia não a reconhecem de forma +alguma.) Todas as substituições propostas para “software livre” trazem algum +tipo de problema semântico – e isso inclui “software de código +aberto”.</p> + +<p>A <a href="https://opensource.org/osd">definição oficial de “software de +código aberto”</a> (que foi publicada pela Open Source Initiative e é longa +demais para ser incluída aqui) foi indiretamente derivada dos nossos +critérios para o software livre. Ela não é igual; é um pouco mais ampla em +alguns aspectos. Não obstante, a definição deles concorda com a nossa na +maioria dos casos.</p> + +<p>Contudo, o sentido óbvio para a expressão “software de código aberto” +– e o único que boa parte das pessoas parece considerar — é +“Você pode dar uma olhada no código-fonte”. Esse critério é mais fraco do +que a definição de software livre e mais fraco também do que a definição +oficial de código aberto, pois isso inclui muitos programas que não são nem +livres nem código aberto.</p> + +<p>Visto que o sentido óbvio para “código aberto” não é o mesmo que seus +defensores intencionam, o resultado é que muitas pessoas interpretam mau o +termo. De acordo com o escritor Neal Stephenson, “o Linux é um software de +‘código aberto’, o que significa, simplesmente, que qualquer um pode obter +cópias de seus arquivos de código-fonte”. Eu não acho que ele +deliberadamente procurou rejeitar ou contestar a definição “oficial”. Eu +penso que ele simplesmente aplicou as convenções da língua inglesa para +encontrar um sentido para o termo. O <a +href="https://web.archive.org/web/20001011193422/http://da.state.ks.us/ITEC/TechArchPt6ver80.pdf">estado +do Kansas</a> publicou uma definição similar: “Fazer uso de software de +código-aberto (OSS). OSS é o software para o qual o código-fonte é livre e +disponibilizado publicamente, porém os acordos de licenciamento específicos +variam quanto ao que é permitido se fazer com o código”.</p> + +<p>O <i>New York Times</i> <a +href="http://www.nytimes.com/external/gigaom/2009/02/07/07gigaom-the-brave-new-world-of-open-source-game-design-37415.html">publicou +um artigo que estende o sentido do termo</a> para se referir a testes beta +de usuário – deixar que alguns usuários testem uma versão inicial e +enviem feedback confidencial — que os desenvolvedores de software +proprietário têm praticado por décadas.</p> + +<p>O termo foi estendido até mesmo para incluir projetos para equipamento que +estão <a +href="http://www.theguardian.com/sustainable-business/2015/aug/27/texas-teenager-water-purifier-toxic-e-waste-pollution">publicados +sem uma patente</a>. Projetos de equipamentos sem patentes podem ser +contribuições louváveis para a sociedade, porém o termo “código aberto” não +se aplica a eles.</p> + +<p>Os partidários do código aberto tentam lidar com isso chamando atenção para +sua definição oficial, mas essa abordagem corretiva é menos efetiva para +eles do que para nós. O termo “software livre” tem dois sentidos naturais, +um dos quais é o sentido intencional; assim uma pessoa que tenha captado a +ideia de “liberdade de expressão, não cerveja grátis” não errará +novamente. Porém, o termo “código aberto” tem apenas um sentido natural, que +é diferente do sentido que seus partidários tinham em mente. Assim, não há +modo sucinto de explicar e justificar sua definição oficial – o que +torna a confusão pior.</p> + +<p>Outro engano sobre o “código aberto” é a ideia que ele significa “não usando +a GNU GPL”. Esse engano tende a acompanhar outro mal-entendido que “software +livre” significa “software coberto pela GPL”. Ambos são equívocos, visto que +a GNU GPL qualifica-se como uma licença código aberto e a maioria das +licenças de código aberto qualificam-se como licenças de software livre. Há +<a href="/licenses/license-list.html">muitas licenças de software livre</a> +além da GNU GPL.</p> + +<p>O termo “código aberto” tem sido adicionalmente estendido por sua aplicação +a outras atividades, tais como governo, educação e ciência, onde não existe +código-fonte e onde os critérios para licenciamento de software são +simplesmente não pertinentes. A única coisa que essas atividades têm em +comum é que elas, de alguma forma, convidam as pessoas a participar. Eles +estenderam tanto o termo que ele apenas significa “participativo” ou +“transparente”, ou menos que isso. Na pior das hipóteses, ele se <a +href="http://www.nytimes.com/2013/03/17/opinion/sunday/morozov-open-and-closed.html">tornou +um termo vazio na moda</a>.</p> + +<h3>Valores diferentes podem levar a conclusões similares – mas nem sempre</h3> + +<p>Grupos radicais da década de 1960 tinham a reputação de faccionalistas: +algumas organizações dividiram-se devido a desacordos sobre detalhes de +estratégia e os dois grupos criados tratavam-se um ao outro como inimigos, a +despeito de terem valores e objetivos básicos similares. A ala direita fez +muito caso disso e usou isso para criticar toda a ala esquerda.</p> + +<p>Alguns tentam rebaixar o movimento do software livre ao comparar nosso +desacordo com o código aberto ao desacordo de outros grupos radicais, mas a +verdade é outra. Nós discordamos com a campanha do código aberto no que +concerne aos valores e objetivos básicos, mas tanto a visão deles quanto a +nossa, em muitos casos, levam ao mesmo comportamento prático – tal +como desenvolver software livre.</p> + +<p>Como consequência, pessoas do movimento do software livre e pessoas do +código aberto frequentemente trabalham juntas em projetos práticos, tal como +o desenvolvimento de software. É digno de nota que essas diferentes visões +filosóficas podem às vezes motivar diferentes pessoas a participar nos +mesmos projetos. No entanto, há situações em que essas visões +fundamentalmente diferentes levam a ações muito diferentes.</p> + +<p>A ideia do código aberto é que permitir aos usuários mudar e redistribuir o +software irá torná-lo mais poderoso e confiável. Porém, isso não é +garantido. Desenvolvedores de software proprietário não são necessariamente +incompetentes. Às vezes, eles produzem um programa que é poderoso e +confiável, ainda que ele não respeite a liberdade dos usuários. Os ativistas +do software livre e entusiastas do código aberto irão reagir de modo bem +diferente a isso.</p> + +<p>Um puro entusiasta do código aberto, alguém que absolutamente não é +influenciado pelos ideias do software livre, dirá: “Eu estou surpreso que +você conseguiu fazer um programa rodar tão bem sem usar nosso modelo de +desenvolvimento, mas você conseguiu. Como obtenho uma cópia?”. Essa atitude +recompensará esquemas que tiram nossa liberdade, levando à sua perda.</p> + +<p>Um ativista do software livre dirá: “Seu programa é muito atrativo, porém, +eu valorizo mais a minha liberdade. Sendo assim, eu rejeito seu programa. Eu +criarei minha obra de outra forma, e apoiarei um projeto para desenvolver um +substituto livre”. Se nós valorizamos nossa liberdade, nós podemos agir para +mantê-la e defendê-la.</p> + +<h3>Software poderoso e confiável pode ser ruim</h3> + +<p>A ideia que desejamos que o software seja poderoso e confiável advém da +suposição de que o software está designado para servir seus usuários. Se ele +é poderoso e confiável, isso significa que ele os serve melhor.</p> + +<p>Porém, pode-se dizer que o software serve aos seus usuários somente se +respeita sua liberdade. E se o software for projetado para acorrentar seus +usuários? Então, ser poderoso significa que as correntes são mais +constritivas e ser confiável significa que elas são mais difíceis de +remover. Características maliciosas, tais como espionar os usuários, +restringir os usuários, <i>backdoors</i>, e imposição de upgrades são comuns +no software proprietário, e alguns mantenedores do código aberto querem +implementá-los nos programas de código aberto.</p> + +<p>Sob pressão das companhias de cinema e gravadoras, o software para uso +pessoal é cada vez mais projetado especificamente para limitar os +usuários. Essa característica maliciosa é conhecida como Gestão de +Restrições Digitais (DRM – do inglês Digital Restrictions Management) +(veja <a href="http://defectivebydesign.org/">DefectiveByDesign.org</a>) e é +a antítese no espírito da liberdade que o software livre visa +proporcionar. E não apenas no espírito: visto que o objetivo do DRM é +esmagar sua liberdade, os desenvolvedores DRM tentam torná-lo mais difícil, +impossível ou ainda ilegal para você mudar o software que implementa o DRM.</p> + +<p>Ainda assim, alguns defensores do código aberto têm proposto software “DRM +código aberto”. Sua ideia é que, mediante a publicação do código-fonte dos +programas desenvolvidos para restringir seu acesso à mídia criptografada e +ao permitir que outros mudem o programa, irão produzir um software mais +poderoso e confiável para limitar usuários como você. O software seria então +distribuído a você em aparelhos que não lhe permitem modificações.</p> + +<p>Esse software pode ser de código aberto e usar o modelo de desenvolvimento +do código aberto, mas ele não será software livre, visto que ele não +respeitará a liberdade dos usuários que de fato o rodarão. Se o modelo de +desenvolvimento de código aberto obter êxito em tornar esse software mais +poderoso e confiável ao limitar você, isso o tornará ainda pior.</p> + +<h3>Medo da Liberdade</h3> + +<p>A principal motivação inicial daqueles que se desligaram do movimento do +software livre e criaram o empreendimento do código aberto era que as ideias +éticas de “software livre” deixavam algumas pessoas receosas. É verdade: +levantar questões éticas como liberdade e falar sobre responsabilidade, bem +como conveniência, é pedir às pessoas que pensem sobre coisas que elas podem +preferir ignorar, como, por exemplo, sobre se sua conduta é ética. Isso pode +desencadear desconforto e algumas pessoas poderão simplesmente fechar suas +mentes. Mas daí não resulta que devamos parar de falar dessas questões.</p> + +<p>Isso é, entretanto, o que os líderes do código aberto decidiram fazer. Eles +concluíram que calando-se a respeito da ética e da liberdade, e apenas +falando sobre os benefícios práticos imediatos de certo software livre, eles +poderiam “vender” o software de maneira mais eficaz a certos usuários, +especialmente a empresas.</p> + +<p>Quando proponentes de código aberto falam sobre qualquer coisa mais profunda +que isso, geralmente é a ideia de fazer do código-fonte um “presente” para a +humanidade. Apresentar isso como uma espécie de boa ação, além do que é +moralmente exigido, presume que distribuir software sem um código-fonte é +moralmente legítimo.</p> + +<p>Essa abordagem se mostrou efetiva, em seus próprios termos. A retórica do +código aberto tem convencido muitos empresários e indivíduos a usar, e ainda +desenvolver, software livre, o que tem estendido nossa comunidade – +porém, apenas em um nível superficial, prático. A filosofia do código +aberto, com seus valores puramente práticos, impede a compreensão das ideias +profundas do software livre; ela traz muitos pessoas à nossa comunidade, +porém não as ensina a defendê-la. Isso é bom até certo ponto, mas não é o +bastante para assegurar a liberdade. Atrair usuários para o software livre +os leva apenas até parte do caminho de se tornar defensores da própria +liberdade.</p> + +<p>Mais cedo ou mais tarde esses usuários serão convidados para voltar ao +software proprietário por alguma vantagem prática. Incontáveis companhias +procuram oferecer tal tentação, algumas até mesmo oferecendo cópias +grátis. Por que os usuários rejeitariam? Apenas se houvessem aprendido a +valorizar a liberdade que o software livre lhes dá, o valor da liberdade em +si mesma, ao invés de conveniência técnica e prática de softwares livres +específicos. Para espalhar essa ideia, nós temos que falar sobre +liberdade. Um pouco da abordagem “silenciosa” ao conversar com empresas pode +ser útil para a comunidade, mas é perigoso se ela se torne tão comum que o +amor pela liberdade passe a ser visto como uma excentricidade.</p> + +<p>Essa situação perigosa é exatamente o que temos. Muitas pessoas envolvidas +com software livre, especialmente seus distribuidores, falam muito pouco +sobre liberdade – geralmente porque eles visam ser “mais aceitáveis +para o comércio”. Quase todas as distribuições GNU/Linux adicionam pacotes +proprietários ao sistema livre básico, e eles convidam os usuários a +considerar isso uma vantagem, ao invés de uma falha.</p> + +<p>Software proprietário adicional e distribuições GNU/Linux parcialmente não +livres encontram campo fértil porque boa parte de nossa comunidade não +insiste na liberdade em seu software. Isso não é coincidência. A maioria dos +usuários GNU/Linux foram introduzidos ao sistema por meio da discussão do +“código aberto”, que não diz que a liberdade é um objetivo. As práticas que +não apoiam a liberdade e as palavras que não versam sobre liberdade estão de +mãos dadas, uma promovendo a outra. Para superar essa tendência, nós +precisamos de mais, não de menos, discussões sobre liberdade.</p> + +<h3>“FLOSS” e “FOSS”</h3> + +<p> Os termos “FLOSS” e “FOSS” costumavam ser <a +href="/philosophy/floss-and-foss.html">neutros entre software livre e código +aberto</a>. Se neutralidade é o objetivo, “FLOSS” é o melhor dos +dois. Porém, se você deseja apoiar a liberdade, usar um termo neutro não é o +caminho. Defender a liberdade significa mostrar para as pessoas que você +apoia a liberdade.</p> + +<h3>Rivais de ideias</h3> + +<p>“Livre” e “aberto” são rivais em ideias. “Software livre” e “código aberto” +são ideias diferentes mas, na forma que a maioria das pessoas estão vendo os +softwares, elas competem pelo mesmo espaço conceitual. Quando pessoas se +habituam a dizer e pensar “código aberto”, isso é um obstáculo para +compreender a filosofia do movimento de software livre e pensar sobre +isso. Se elas já nos associaram e nossos softwares com a palavra “aberto”, +nós podemos precisar dar um choque intelectual antes que eles reconheçam que +nós apoiamos alguma <em>outra</em> coisa. Qualquer atividade que promove a +palavra “aberto” tende a estender a cortina que oculta as ideias do +movimento de software livre.</p> + +<p>Então, ativistas de software livre são aconselhados a negar trabalhar em uma +atividade que se denomina “aberto”. Mesmo se a atividade seja boa, toda +contribuição que você faz prejudica um pouco no sentido de promover a ideia +de código aberto. Há muitas outras atividades boas que se autodenominam +“livre” ou “libre”. Cada contribuição para estes projetos faz um bem extra +neste sentido. Com tantos projetos úteis para escolher, por que não escolher +aqueles que fazem um bem extra?</p> + +<h3>Conclusão</h3> + +<p>Na medida em que os defensores do código aberto atraem novos usuários a +nossa comunidade, nós, ativistas do software livre, devemos assumir a tarefa +de trazer a questão da liberdade à sua atenção. Nós temos que dizer: “Isso é +software livre e dá a você liberdade”, mais e mais alto do que nunca. Toda +vez que você diz “software livre”, ao invés de “código aberto”, você ajuda +nossa causa.</p> + +</div> + +<h4>Nota</h4> + +<!-- The article is incomplete (#793776) as of 21st January 2013. +<p> + +Joe Barr's article, +<a href="http://www.itworld.com/LWD010523vcontrol4">“Live and +let license,”</a> gives his perspective on this issue.</p> +--> +<p> +O artigo de Lakhani e Wolf sobre <a +href="http://ocw.mit.edu/courses/sloan-school-of-management/15-352-managing-innovation-emerging-trends-spring-2005/readings/lakhaniwolf.pdf">a +motivação dos desenvolvedores de software livre</a> diz que uma fração +considerável é motivada pela visão de que o software deve ser livre, a +despeito do fato de que eles entrevistaram desenvolvedores no SourceForge, +um site que não defende a visão de que essa é uma questão ética.</p> + +<div class="translators-notes"> + +<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't have notes.--> + </div> +</div> + +<!-- for id="content", starts in the include above --> +<!--#include virtual="/server/footer.pt-br.html" --> +<div id="footer"> +<div class="unprintable"> + +<p>Envie perguntas em geral sobre a FSF e o GNU para <a +href="mailto:gnu@gnu.org"><gnu@gnu.org></a>. Também existem <a +href="/contact/">outros meios de contatar</a> a FSF. Links quebrados e +outras correções ou sugestões podem ser enviadas para <a +href="mailto:webmasters@gnu.org"><webmasters@gnu.org></a>.</p> + +<p> + +<!-- TRANSLATORS: Ignore the original text in this paragraph, + replace it with the translation of these two: + + We work hard and do our best to provide accurate, good quality + translations. However, we are not exempt from imperfection. + Please send your comments and general suggestions in this regard + to <a href="mailto:web-translators@gnu.org"> + + <web-translators@gnu.org></a>.</p> + + <p>For information on coordinating and submitting translations of + our web pages, see <a + href="/server/standards/README.translations.html">Translations + README</a>. --> +A equipe de traduções para o português brasileiro se esforça para oferecer +traduções precisas e de boa qualidade, mas não estamos isentos de erros. Por +favor, envie seus comentários e sugestões em geral sobre as traduções para +<a +href="mailto:web-translators@gnu.org"><web-translators@gnu.org></a>. +</p><p>Consulte o <a href="/server/standards/README.translations.html">Guia +para as traduções</a> para mais informações sobre a coordenação e o envio de +traduções das páginas deste site.</p> +</div> + +<p>Copyright © 2007, 2010, 2012, 2015, 2016, 2019, 2020 Richard Stallman</p> + +<p>Esta página está licenciada sob uma licença <a rel="license" +href="http://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/deed.pt_BR">Creative +Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional</a>.</p> + +<!--#include virtual="/server/bottom-notes.pt-br.html" --> +<div class="translators-credits"> + +<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't want credits.--> +<b>Tradução:</b> Thiago Carreira <a +href="mailto:saycusca@gmail.com"><saycusca@gmail.com></a>, 2012; +Rafael Fontenelle <a +href="mailto:rafaelff@gnome.org"><rafaelff@gnome.org></a>, 2016-2020;</div> + +<p class="unprintable"><!-- timestamp start --> +Última atualização: + +$Date: 2020/10/06 08:42:12 $ + +<!-- timestamp end --> +</p> +</div> +</div> +</body> +</html> |