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Stallman</a></p> + +<!-- rms: I deleted the links because of Wired's announced + anti-ad-block system --> +<blockquote> +<p>A maior parte deste artigo foi publicada em duas partes na Wired em março de +2015.</p> +</blockquote> + +<p>Até que ponto as ideias de software livre se estendem ao hardware? É uma +obrigação moral tornarmos nossos designs de hardware livres, assim como é +fazermos nosso software livre? Para manter nossa liberdade, é necessário +rejeitar o hardware feito com designs não livres?</p> + +<h3 id="definitions">Definições</h3> + +<p><em>Software livre</em> (<i lang="en">“free software”</i>, em inglês) é uma +questão de liberdade, não de preço; de um modo geral, significa que os +usuários são livres para usar o software e copiar e redistribuir o software, +com ou sem alterações. Mais precisamente, a definição é formulada em termos +das <a href="/philosophy/free-sw.html">quatro liberdades +essenciais</a>. Para enfatizar que o <i lang="en">“free”</i> de <i +lang="en">“free software”</i> se refere à liberdade, não ao preço, +geralmente usamos a palavra francesa ou espanhola <i lang="es">“libre”</i>; +junto com <i lang="en">“free”</i><sup><a id="TransNote1-rev" +href="#TransNote1">1</a></sup>.</p> + +<p>Aplicando o mesmo conceito diretamente ao hardware, <em>hardware livre</em> +(<i lang="en">“free hardware”</i>, em inglês) significa hardware que os +usuários podem usar livremente, copiar e redistribuir com ou sem +alterações. No entanto, não há copiadoras para hardware, além das formas +externas de chaves, DNA e objetos de plástico. A maior parte do hardware é +fabricada a partir de algum tipo de design. O design vem antes do hardware.</p> + +<p>Portanto, o conceito que realmente precisamos é o de <em>design de hardware +livre</em>. Isso é simples: significa um design que permite aos usuários +usar o design (ou seja, fabricar hardware a partir dele) e copiá-lo e +redistribuí-lo, com ou sem alterações. O design deve fornecer as mesmas +quatro liberdades que definem o software livre.</p> + +<p>Então, podemos nos referir ao hardware feito a partir de um design livre +como “hardware livre”, mas “hardware de design livre” é um termo mais claro, +pois evita possíveis mal-entendidos.</p> + +<p>As pessoas que se deparam com a ideia de software livre geralmente pensam +que isso significa que você pode obter uma cópia gratuitamente. Muitos +programas livres estão disponíveis a preço zero, pois não custa nada baixar +sua própria cópia, mas não é isso que significa <i lang="en">“free”</i> +aqui. (De fato, alguns programas spyware, como <a +href="/philosophy/proprietary/proprietary-surveillance.html">Flash Player e +Angry Birds</a>, são gratuitos, embora não sejam livres.) Dizer <i +lang="en">“libre”</i> junto com <i lang="en">“free”</i> ajuda a esclarecer o +ponto.</p> + +<p>Para o hardware, essa confusão tende a ir na outra direção; o hardware custa +dinheiro para produzir; portanto, o hardware produzido comercialmente não +será gratuito (a menos que seja um líder de perdas ou um empate), mas isso +não impede que seu design seja <i lang="en">free</i>/<i +lang="en">libre</i>. As coisas que você faz em sua própria impressora 3D +podem ser muito baratas, mas não exatamente gratuitas, pois as +matérias-primas normalmente têm um custo. Em termos éticos, a questão da +liberdade supera totalmente a questão do preço, pois um dispositivo que nega +liberdade aos seus usuários vale menos que nada.</p> + +<p>Podemos usar o termo “hardware livre” como um equivalente conciso para +“hardware feito a partir de um design livre (libre)”.</p> + +<p>Os termos “hardware aberto” e “hardware de código aberto” (<i +lang="en">“open hardware”</i> e <i lang="en">“open source hardware”</i>, em +inglês, respectivamente) são usados por alguns com o mesmo significado +concreto que “hardware de design livre”, mas esses termos minimizam a +liberdade como um problema. Eles foram derivados do termo “software de +código aberto” (<i lang="en">“open source software”</i>), que se refere mais +ou menos a software livre, mas <a +href="/philosophy/open-source-misses-the-point.html">sem falar sobre +liberdade ou apresentar o problema por uma questão de certo ou +errado</a>. Para enfatizar a importância da liberdade, fazemos questão de +nos referir à liberdade sempre que pertinente; como “open” falha em fazer +isso, não vamos substituí-lo por “free”.</p> + +<h3 id="hw-and-sw">Hardware e software</h3> + +<p>Hardware e software são fundamentalmente diferentes. Um programa, mesmo na +forma executável compilada, é uma coleção de dados que pode ser interpretada +como instruções para um computador. Como qualquer outro trabalho digital, +ele pode ser copiado e alterado usando um computador. Uma cópia de um +programa não possui forma ou modalidade física preferida inerente.</p> + +<p>Por outro lado, o hardware é uma estrutura física e sua fisicalidade é +crucial. Embora o design do hardware possa ser representado como dados, em +alguns casos, mesmo como um programa, o design não é o hardware. Um design +para uma CPU não pode executar um programa. Você não vai muito longe +tentando digitar um design para um teclado ou exibir pixels em um design +para uma tela.</p> + +<p>Além disso, enquanto você pode usar um computador para modificar ou copiar o +design do hardware, um computador não pode converter o design na estrutura +física descrita. Isso requer equipamento de fabricação.</p> + +<h3 id="boundary">A fronteira entre hardware e software</h3> + +<p>Qual é o limite, em dispositivos digitais, entre hardware e software? Ele +segue as definições. Software é a parte operacional de um dispositivo que +pode ser copiado e alterado em um computador; hardware é a parte operacional +que não pode ser. Este é o caminho certo para fazer a distinção, porque se +refere às consequências práticas.</p> + +<p>Há uma área cinza entre o hardware e o software que contém o firmware que +<em>pode</em> ser atualizado ou substituído, mas que nunca deve ser +atualizado ou substituído depois que o produto é vendido. Em termos +conceituais, a área cinza é bastante estreita. Na prática, é importante +porque muitos produtos caem nela. Podemos tratar esse firmware como hardware +com uma pequena extensão de seu significa.</p> + +<p>Alguns disseram que programas de firmware pré-instalados e chips de +Field-Programmable Gate Array (FPGAs) “obscurecem a fronteira entre hardware +e software”, mas acho que isso é uma interpretação incorreta dos fatos. O +firmware que é instalado durante o uso é um software; O firmware que é +entregue dentro do dispositivo e não pode ser alterado é um software por +natureza, mas podemos tratá-lo como se fosse um circuito. Quanto aos FPGAs, +o próprio FPGA é hardware, mas o padrão de porta <i lang="en">gate</i> +carregada no FPGA é um tipo de firmware.</p> + +<p>O uso de padrões livres de porta em FPGAs poderia ser um método útil para +criar dispositivos digitais livres no nível do circuito. No entanto, para +tornar os FPGAs utilizáveis no mundo livre, precisamos de ferramentas de +desenvolvimento livres para eles. O obstáculo é que o formato do arquivo de +padrão de porta carregado no FPGA é secreto. Por muitos anos, não houve +modelo de FPGA para o qual esses arquivos pudessem ser produzidos sem +ferramentas não livres (privativas).</p> + +<p>A partir de 2015, as ferramentas de software livre estão disponíveis para <a +href="http://www.clifford.at/icestorm/">programação do Lattice iCE40</a>, um +modelo comum de FPGA, a partir da entrada gravada em uma linguagem de +descrição de hardware (HDL). Também é possível compilar programas C e +executá-los em FPGA de Xilinx Spartan 6 LX9 com <a +href="https://github.com/Wolfgang-Spraul/fpgatools">ferramentas livres</a>, +mas elas não o possuem suporte a entrada HDL. Recomendamos que você rejeite +outros modelos FPGA até que eles também tenham suporte em ferramentas +livres.</p> + +<p>Quanto ao próprio código HDL, ele pode atuar como software (quando é +executado em um emulador ou carregado em um FPGA) ou como um design de +hardware (quando é realizado em silício imutável ou em uma placa de +circuito).</p> + +<h3 id="ethical-3d-printers">A pergunta ética para impressoras 3D</h3> + +<p>Eticamente, <a +href="/philosophy/free-software-even-more-important.html">software deve ser +livre</a>; um programa não livre é uma injustiça. Devemos adotar a mesma +visão para designs de hardware?</p> + +<p>Com certeza demos, nos campos que a impressão 3D (ou, geralmente, qualquer +tipo de fabricação pessoal) possa lidar. Os padrões da impressora para criar +um objeto útil e prático (ou seja, funcional em vez de decorativo) +<em>devem</em> ser livres porque são trabalhos feitos para uso prático. Os +usuários merecem controle sobre esses trabalhos, assim como eles merecem +controle sobre o software que usam. Distribuir um design de objeto funcional +não livre é tão errado quanto distribuir um programa não livre.</p> + +<p>Tenha cuidado ao escolher impressoras 3D que funcionam com software +exclusivamente livre; a Free Software Foundation <a +href="http://fsf.org/resources/hw/endorsement">endossa tais +impressoras</a>. Algumas impressoras 3D são feitas com designs de hardware +livre, mas <a +href="http://www.cnet.com/news/pulling-back-from-open-source-hardware-makerbot-angers-some-adherents/">os +designs de hardware da Makerbot não são livres</a>.</p> + +<h3 id="reject-nonfree">Devemos rejeitar o hardware digital não livre?</h3> + +<p>Um design de hardware digital <a href="#fn1">(*)</a> não livre é uma +injustiça? Devemos, por nossa liberdade, rejeitar todo o hardware digital +feito com designs não livres, assim como devemos rejeitar software não +livre?</p> + +<p>Devido ao paralelo conceitual entre designs de hardware e código-fonte do +software, muitos hackers de hardware condenam rapidamente designs de +hardware não livres, assim como software não livre. Discordo porque as +circunstâncias para hardware e software são diferentes.</p> + +<p>A tecnologia atual de fabricação de chips e placas se assemelha à +impressora: ela se presta à produção em massa em uma fábrica. É mais como +copiar livros em 1950 do que copiar software hoje.</p> + +<p>A liberdade de copiar e alterar o software é um imperativo ético porque +essas atividades são viáveis para quem usa o software: o equipamento que +permite o uso do software (um computador) também é suficiente para copiá-lo +e alterá-lo. Os computadores móveis de hoje são fracos demais para serem +bons para isso, mas qualquer um pode encontrar um computador suficientemente +poderoso.</p> + +<p>Além disso, um computador é suficiente para baixar e executar uma versão +alterada por outra pessoa que saiba como, mesmo se você não for um +programador. De fato, os não programadores baixam o software e o executam +todos os dias. É por isso que o software livre faz uma diferença real para +os não programadores.</p> + +<p>Quanto disso se aplica ao hardware? Nem todo mundo que pode usar hardware +digital sabe como alterar um design de circuito ou de chip, mas qualquer +pessoa que possua um PC possui o equipamento necessário para isso. Até +agora, o hardware é paralelo ao software, mas a seguir vem a grande +diferença.</p> + +<p>Você não pode criar e usar um design de circuito ou chip no seu +computador. Construir um grande circuito é muito trabalhoso, e é assim que +você tem a placa de circuito. Hoje, fabricar um chip não é viável para +indivíduos; somente a produção em massa pode torná-los baratos o +suficiente. Com a tecnologia de hardware de hoje, os usuários não podem +baixar e executar uma versão modificada de um design de hardware digital +amplamente utilizado, pois poderiam executar uma versão modificada de um +programa amplamente utilizado. Assim, as quatro liberdades não dão aos +usuários hoje controle coletivo sobre um design de hardware, como dão aos +usuários controle coletivo sobre um programa. É aí que o raciocínio que +mostra que todo software deve ser livre não se aplica à tecnologia de +hardware atual.</p> + +<p>Em 1983, não havia sistema operacional livre, mas estava claro que, se +tivéssemos um, poderíamos usá-lo imediatamente e obter liberdade de +software. Tudo o que faltava era o código para um.</p> + +<p>Em 2014, se tivéssemos um design livre para um chip de CPU adequado para um +PC, os chips produzidos em massa feitos com esse design não nos dariam a +mesma liberdade no domínio do hardware. Se vamos comprar um produto +produzido em massa em uma fábrica, essa dependência da fábrica causa quase +todos os mesmos problemas que um design não livre. Para designs livres para +nos dar liberdade de hardware, precisamos de tecnologia de fabricação +futura.</p> + +<p>Podemos imaginar um futuro em que nossos fabricantes pessoais possam +fabricar chips, e nossos robôs possam montá-los e soldá-los juntamente com +transformadores, interruptores, chaves, telas, ventoinhas e assim por +diante. Nesse futuro, todos nós fabricaremos nossos próprios computadores (e +fabricantes e robôs) e todos poderemos tirar proveito dos designs +modificados feitos por quem conhece hardware. Os argumentos para rejeitar +software não livre também se aplicarão a designs de hardware não livres.</p> + +<p>Esse futuro está a anos de distância, no mínimo. Enquanto isso, não há +necessidade de rejeitar hardware com designs não livres em princípio.</p> + +<hr /> + +<p id="fn1">* Na forma usada aqui, “hardware digital” inclui hardware com alguns +circuitos analógicos e componentes em adição aos digitais.</p> + +<h3 id="free-designs">Precisamos de designs de hardware digital livres</h3> + +<p>Embora não seja necessário rejeitar o hardware digital feito a partir de +designs não livres nas circunstâncias atuais, precisamos desenvolver designs +livres e usá-los sempre que possível. Eles oferecem vantagens hoje e, no +futuro, podem ser a única maneira de usar o software livre.</p> + +<p>Designs de hardware livre oferecem vantagens práticas. Várias empresas podem +fabricar um, o que reduz a dependência de um único fornecedor. Grupos podem +organizar para fabricá-los em quantidade. Ter diagramas de circuito ou +código HDL torna possível estudar o design para procurar erros ou +funcionalidades maliciosas (sabe-se que a NSA adquiriu deficiências +maliciosas em alguns hardwares de computação). Além disso, os designs livres +podem servir como blocos de construção para projetar computadores e outros +dispositivos complexos, cujas especificações serão publicadas e terão menos +peças que podem ser usadas contra nós.</p> + +<p>Designs de hardware livre podem se tornar utilizáveis para algumas partes de +nossos computadores e redes e para sistemas embarcados, antes que possamos +fabricar computadores inteiros dessa maneira.</p> + +<p>Designs de hardware livre podem se tornar essenciais mesmo antes de podermos +fabricar o hardware pessoalmente, se eles se tornarem a única maneira de +evitar software não livre. Como o hardware comercial comum é cada vez mais +projetado para subjugar os usuários, torna-se cada vez mais incompatível com +o software livre, devido a especificações e requisitos secretos de código a +ser assinado por alguém que não seja você. Os chips de modem para celular e +até alguns aceleradores gráficos já exigem que o firmware seja assinado pelo +fabricante. Qualquer programa em seu computador – que outra pessoa pode +mudar, mas você não – é um instrumento de poder injusto sobre você; O +hardware que impõe esse requisito é um hardware mal-intencionado. No caso de +chips de modem para celular, todos os modelos agora disponíveis são +maliciosos.</p> + +<p>Algum dia, o hardware digital de design livre pode ser a única plataforma +que permite executar um sistema livre. Vamos procurar ter os designs +digitais livres necessários antes disso e esperar que tenhamos os meios para +fabricá-los de maneira barata o suficiente para todos os usuários.</p> + +<p>Se você projetar hardware, faça seus designs livres. Se você usa hardware, +junte-se a empresas de pressão e pressão para liberar os designs de +hardware.</p> + +<h3 id="levels-of-design">Níveis de design</h3> + +<p>O software possui níveis de implementação; um pacote pode incluir +bibliotecas, comandos e scripts, por exemplo. Mas esses níveis não fazem uma +diferença significativa para a liberdade de software, porque é possível +tornar todos os níveis livres. Projetar componentes de um programa é o mesmo +tipo de trabalho que projetar o código que os combina; da mesma forma, criar +os componentes a partir do fonte é o mesmo tipo de operação que criar o +programa combinado a partir do fonte. Para libertar a coisa toda, basta +continuar o trabalho até que tenhamos feito todo o trabalho.</p> + +<p>Portanto, insistimos que um programa seja livre em todos os níveis. Para que +um programa seja qualificado como livre, todas as linhas do código-fonte que +o compõem devem ser livres, para que você possa recompilar o programa apenas +com código-fonte livre.</p> + +<p>Os objetos físicos, por outro lado, geralmente são construídos com +componentes projetados e construídos em um tipo diferente de fábrica. Por +exemplo, um computador é feito de chips, mas projetar (ou fabricar) chips é +muito diferente de projetar (ou fabricar) o computador a partir de chips.</p> + +<p>Portanto, precisamos distinguir <em>níveis</em> no design de um produto +digital (e talvez em outros tipos de produtos). O circuito que conecta os +chips é de um nível; o design de cada chip é outro nível. Em um FPGA, a +interconexão de células primitivas é um nível, enquanto as próprias células +primitivas são outro nível. No futuro ideal, queremos que o design seja +livre em todos os níveis. Nas circunstâncias atuais, apenas liberar um nível +é um avanço significativo.</p> + +<p>No entanto, se um design em um nível combina peças livres e não livres – por +exemplo, um circuito HDL “livre” que incorpora “núcleos flexíveis” +privativos – devemos concluir que o projeto como um todo não é livre nesse +nível. Da mesma forma, para “assistentes” ou “macros” não livres, se +especificarem parte das interconexões de chips ou partes de chips conectadas +de forma programática. As peças livres podem ser um passo em direção ao +objetivo futuro de um design livre, mas alcançá-lo implica substituir as +peças não livres. Eles nunca podem ser admissíveis no mundo livre.</p> + +<h3 id="licenses">Licenças e direitos autorais para designs de hardware livres</h3> + +<p>Você cria um design de hardware livre, lançando-o sob uma licença +livre. Recomendamos o uso da Licença Pública Geral GNU, versão 3 ou +posterior. Criamos a GPL versão 3 com esse objetivo.</p> + +<p>Copyleft em circuitos e formas de objetos não decorativas não chega tão +longe quanto se pode supor. Os direitos autorais desses designs se aplicam +apenas à maneira como o design é desenhado ou escrito. O copyleft é uma +maneira de usar a lei de direitos autorais, portanto, seu efeito se aplica +apenas até a lei de direitos autorais.</p> + +<p>Por exemplo, um circuito, como uma topologia, não pode ter direitos autorais +(e, portanto, não pode ter copyleft). As definições dos circuitos escritos +em HDL podem ter direitos autorais (e, portanto, com copyleft), mas o +copyleft cobre apenas os detalhes de expressão do código HDL, não a +topologia de circuito que ele gera. Da mesma forma, um desenho ou layout de +um circuito pode ter direitos autorais, portanto pode ser copyleft, mas isso +abrange apenas o desenho ou o layout, não a topologia do circuito. Qualquer +pessoa pode desenhar legalmente a mesma topologia de circuito de uma maneira +diferente ou escrever uma definição de HDL diferente que produz o mesmo +circuito.</p> + +<p>Os direitos autorais não abrangem circuitos físicos; portanto, quando as +pessoas constroem instâncias do circuito, a licença do design não afeta +legalmente o que fazem com os dispositivos que construíram.</p> + +<p>Para desenhos de objetos e modelos de impressoras 3D, os direitos autorais +não cobrem a criação de um desenho diferente da mesma forma de objeto +puramente funcional. Também não cobre os objetos físicos funcionais criados +a partir do desenho. No que diz respeito aos direitos autorais, todos são +livres para criá-los e usá-los (e é uma liberdade que precisamos muito). Nos +EUA, os direitos autorais não cobrem os aspectos funcionais descritos pelo +design, mas <a +href="http://www.copyright.gov/title17/92chap13.html#1301">abrange os +aspectos decorativos</a>. Quando um objeto tem aspectos decorativos e +funcionais, você entra em um terreno complicado <a href="#fn2">(*)</a>.</p> + +<p>Tudo isso também pode ser verdade no seu país ou não. Antes de produzir +objetos comercialmente ou em quantidade, você deve consultar um advogado +local. O copyright não é o único problema com o qual você precisa se +preocupar. Você pode ser atacado por patentes, provavelmente por entidades +que não têm nada a ver com a criação do design que está usando, e também +pode haver outros problemas legais.</p> + +<p>Lembre-se de que as leis de direitos autorais e de patentes são totalmente +diferentes. É um erro supor que eles tenham algo em comum. É por isso que o +termo “<a href="/philosophy/not-ipr.html">propriedade intelectual</a>” é +pura confusão e deve ser totalmente rejeitado.</p> + +<hr /> + +<p id="fn2">* Um artigo do Public Knowledge fornece uma informação útil sobre essa <a +href="https://www.publicknowledge.org/assets/uploads/documents/3_Steps_for_Licensing_Your_3D_Printed_Stuff.pdf"> +complexidade</a>, para os EUA, apesar de ele cair no erro comum de usar o +conceito falso de “propriedade intelectual” e o termo propaganda “<a +href="/philosophy/words-to-avoid.html#Protection">proteção</a>”.</p> + +<h3 id="promoting">Promovendo designs de hardware livres por meio de repositórios</h3> + +<p>A maneira mais eficaz de levar os designs de hardware publicados a serem +livres é através de regras nos repositórios em que são publicados. Os +operadores de repositório devem colocar a liberdade das pessoas que usarão +os designs acima das preferências das pessoas que os fazem. Isso significa +exigir que os designs de objetos úteis sejam livres, como condição para +publicá-los.</p> + +<p>Para objetos decorativos, esse argumento não se aplica; portanto, não +precisamos insistir que eles devem ser livres. No entanto, devemos insistir +em que sejam compartilháveis. Portanto, um repositório que lide com modelos +de objetos decorativos e funcionais deve ter uma política de licença +apropriada para cada categoria.</p> + +<p>Para projetos digitais, sugiro que o repositório insista em GNU GPL v3 ou +posterior, Apache 2.0 ou CC0. Para designs 3D funcionais, o repositório deve +solicitar ao autor do design que escolha uma das quatro licenças: GNU GPL v3 +ou posterior, Apache 2.0, CC BY-SA, CC BY ou CC0. Para designs decorativos, +deve sugerir o GNU GPL v3 ou posterior, Apache 2.0, CC0 ou qualquer uma das +licenças CC.</p> + +<p>O repositório deve exigir que todos os designs sejam publicados como +código-fonte, e o código-fonte em formatos secretos utilizáveis apenas por +programas privativos de design não é realmente adequado. Para um modelo 3D, +o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/STL_%28file_format%29">formato +STL</a> não é o formato preferido para alterar o design, não sendo um +código-fonte. Portanto, o repositório não deve aceitá-lo, exceto talvez +acompanhando o código-fonte real.</p> + +<p>Não há razão para escolher um formato único para o código-fonte dos designs +de hardware, mas os formatos fonte que ainda não podem ser manipulados com +software livre devem ser aceitos com relutância, na melhor das hipóteses.</p> + +<h3 id="warranties">Designs de hardware livre e garantias</h3> + +<p>Em geral, os autores de designs de hardware livres não têm obrigação moral +de oferecer uma garantia àqueles que fabricam o design. Esse é um problema +diferente da venda de hardware físico, que deve vir com uma garantia do +vendedor e/ou do fabricante.</p> + +<h3 id="conclusion">Conclusão</h3> + +<p>Já temos licenças adequadas para tornar livres os nossos designs de +hardware. O que precisamos é reconhecer como comunidade que é isso que +devemos fazer e insistir em designs livres quando fabricamos objetos.</p> + +<div class="translators-notes"> + +<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't have notes.--> +<b>Nota do tradutor</b>: +<ol> +<li> +<a id="TransNote1" href="#TransNote1-rev" class="nounderline">↑</a> +Em inglês, o termo “free” de “free software” pode significar tanto liberdade +quanto preço zero, sendo o termo “libre”, em substituição ou junto com +“free”, usado para se referir inequivocamente ao sentido de liberdade. Em +português, essa ambiguidade não ocorre, diferenciando-se com “livre” e +“gratuito”. +</li> +</ol></div> +</div> + +<!-- for id="content", starts in the include above --> +<!--#include virtual="/server/footer.pt-br.html" --> +<div id="footer"> +<div class="unprintable"> + +<p>Envie perguntas em geral sobre a FSF e o GNU para <a +href="mailto:gnu@gnu.org"><gnu@gnu.org></a>. Também existem <a +href="/contact/">outros meios de contatar</a> a FSF. Links quebrados e +outras correções ou sugestões podem ser enviadas para <a +href="mailto:webmasters@gnu.org"><webmasters@gnu.org></a>.</p> + +<p> +<!-- TRANSLATORS: Ignore the original text in this paragraph, + replace it with the translation of these two: + + We work hard and do our best to provide accurate, good quality + translations. However, we are not exempt from imperfection. + Please send your comments and general suggestions in this regard + to <a href="mailto:web-translators@gnu.org"> + + <web-translators@gnu.org></a>.</p> + + <p>For information on coordinating and submitting translations of + our web pages, see <a + href="/server/standards/README.translations.html">Translations + README</a>. --> +A equipe de traduções para o português brasileiro se esforça para oferecer +traduções precisas e de boa qualidade, mas não estamos isentos de erros. Por +favor, envie seus comentários e sugestões em geral sobre as traduções para +<a +href="mailto:web-translators@gnu.org"><web-translators@gnu.org></a>. +</p><p>Consulte o <a href="/server/standards/README.translations.html">Guia +para as traduções</a> para mais informações sobre a coordenação e o envio de +traduções das páginas deste site.</p> +</div> + +<!-- Regarding copyright, in general, standalone pages (as opposed to + files generated as part of manuals) on the GNU web server should + be under CC BY-ND 4.0. Please do NOT change or remove this + without talking with the webmasters or licensing team first. + Please make sure the copyright date is consistent with the + document. 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